Médica dermatologista, especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Mestre em Ciências Médicas pela Uni...
iMédica, pela faculdade de tecnologia e ciência, especialista em dermatologia pelo IPEMED, especialista em medicina estét...
iO que é Miíase?
A miíase é uma infecção parasitária causada por larvas de várias espécies de moscas, que invadem a pele ou orifícios do corpo, como olhos, nariz e ouvidos. É uma zoodermatose (doença da pele causada por animais), que afeta diversos animais vertebrados, incluindo o ser humano. Entre os exemplos mais comuns estão o calcanhar de maracujá e o berne.
A miíase pode aparecer em diversas partes do corpo, provocando sintomas como coceira e sensação de ferroada na pele. A infecção pode ser classificada das seguintes maneiras:
- Miíase cutânea
- Miíase subcutânea
- Miíase cavitária (nariz, boca, seios paranasais)
- Miíase ocular
- Miíase anal
- Miíase vaginal
Causas
A ocorrência da miíase se dá através do depósito de ovos de mosca na pele e em feridas, que eventualmente eclodem e se transformam em larvas. De acordo com a dermatologista Clarissa Prati, essa infecção costuma ocorrer em maior escala em outros animais, como vacas e cachorros, mas eventualmente pode atingir seres humanos.
Bárbara Carneiro, especialista em dermatologia, afirma que essa classe de doença afeta especialmente pessoas submetidas a más condições de higiene ou com pouco acesso a condições sanitárias adequadas e que possuam feridas na pele sem devido tratamento.
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Tipos
O diagnóstico da miíase pode ser classificado como primário ou secundário:
Miíase primária: também chamada de furunculoide, berne ou dermatobiose, é produzida pelas fêmeas da espécie Dermatobia hominis ("varejeiras"). Essa classificação de miíase simula um furúnculo, com um orifício que drena secreção amarelada por onde a larva respira.
O paciente diagnosticado com miíase primária costuma ter a sensação de “ferroada” na região atingida. De acordo com os especialistas, outras complicações também podem surgir, como:
- Abscessos
- Linfangite
- Tétano (mais raramente)
Miíase secundária: também conhecida como bicheira, é provocada pelas moscas Cochliomyia hominivorax, Callitroga macelaria e espécies do gênero Lucilia, e ocorre pelo depósito de dezenas de ovos em feridas ou cavidades ulceradas.
Os locais mais atingidos costumam ser as fossas e os seios nasais, os globos oculares e condutos auditivos. A gravidade do quadro depende da localização e do grau de destruição da pele.
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Sintomas
Sintomas de miíase
Os sintomas de miíase podem variar de acordo com o local e o tamanho da infestação. Porém, no geral, os principais sinais são:
- Sensação de ferroada na pele
- Coceira
- Vermelhidão na área afetada
- Sensação de movimento sob a pele
- Ferida aberta na pele com pus e líquidos (berne)
- Ferida aberta lotada de pequenas larvas (bicheira)
Como complicações adicionais, no caso de não tratamento da condição, podem ocorrer também:
- Infecção secundária
- Destruição tecidual
- Fístulas
- Destruição óssea
Diagnóstico
A infecção costuma ser identificada com facilidade. Em quadros de miíase secundária, as larvas ficam visíveis, o que facilita o diagnóstico por meio de uma análise simples do local de infecção.
No entanto, como alguns quadros clínicos podem ser confundidos com um furúnculo, otite ou terçol, é importante que o diagnóstico de miíase seja feito clinicamente, com a presença de um profissional que possa descartar demais possibilidades.
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Tratamento
Tratamento para miíase
Em geral, o tratamento para miíase é feito em consulta médica e consistem em:
- Limpar a ferida
- Anestesiar localmente a área (dependendo da lesão, não há necessidade de anestésico)
- Retirar larva por larva com o auxílio de uma pinça
- Tratar a ferida com bacteriostático local ou, conforme o caso, usar antibiótico de largo espectro
Na miíase primária, faz-se uso da oclusão da ferida com vaselina pastosa ou esmalte de unha, o que impede que a larva respire. Após sua imobilização, retira-se a larva com pinça ou expressão manual. Pode-se fazer ainda a retirada cirúrgica da larva. Os danos provocados nas áreas ao redor da ferida exigem melhor avaliação dos especialistas.
Na miíase secundária, realiza-se a extração manual das larvas e/ou administração de ivermectina sistêmica (200mg/kg em dose única), embora o remédio possa ser recomendado em ambas as classificações de miíase. A ingestão do medicamento provoca a morte das larvas, que deverão ser retiradas preferencialmente com pinça.
A dermatologista Bárbara Carneiro explica que, em quadros graves, é necessária uma pequena cirurgia local e até uma posterior cirurgia plástica para correção de cicatriz. Uma vez que a extração das larvas pode ser arriscada, com risco iminente de algum vestígio das larvas causar subconsequente infecção, recomenda-se sempre o auxílio médico.
Dependendo do quadro, medicamentos como Ivermectina podem ser prescritos, a fim de prevenir infecções secundárias. Esse tipo de medicamento provoca a paralisação e morte das larvas, facilitando a retirada dos vermes.
Prevenção
As medidas de prevenção contra a miíase consistem, em sua maioria, na manutenção da higiene pessoal, como lavar as mãos, tomar banho diariamente e tratar as lesões de pele, especialmente aquelas provenientes de câncer e demais feridas crônicas.
Mais Sobre
Fotos de miíase
ATENÇÂO: as fotos a seguir podem ser fortes e causar desconfortos em algumas pessoas:
A miíase atinge tanto animais, como cachorros e gatos, quanto em seres humanos.Veja:
Referências
Fernando A. Q. Ribeiro, Celina S. B. Pereira, Adriana Alves, Manuel A. Marco -Tratamento da miíase humana cavitária com ivermectina oral.Rev. Bras. Otorrinolaringol. vol.67 no.6 São Paulo Nov. 2001
NEVES, David P. Parasitologia Humana. 12 ed. Atheneu, 2011