

Estudante de Jornalismo na Universidade São Judas Tadeu (USJT).
O que é Noctúria?
Noctúria, ou diurese noturna, é o aumento da frequência noturna de micções, mais especificamente quando a pessoa acorda para urinar mais de duas vezes durante a noite. Em geral, o problema envolve a superprodução de urina e o impulso de urinar diversas vezes.
A noctúria é mais comum em pessoas com mais de 60 anos e não deve ser confundida com a enurese, condição caracterizada pela perda involuntária de urina durante o sono, muito comum em crianças.
Causas
A principal causa da noctúria é o envelhecimento, responsável pelo enfraquecimento muscular generalizado, especialmente do assoalho pélvico, região do períneo. Segundo Fernando Leão, urologista e cirurgião robótico do Hospital Israelita Albert Einstein, os músculos perdem seu tônus e força muscular com o passar do tempo e da idade, trazendo alterações tanto no trato urinário quanto no hábito intestinal.
“É muito comum que os familiares achem que idoso urinar mal e levantar várias vezes durante a noite para ir ao banheiro é normal e acaba não levando o paciente para uma investigação médica especializada”, afirma o especialista. Como consequência, há a deterioração da qualidade de vida do idoso.
Além disso, a noctúria pode acontecer em pacientes que fazem uso de medicamentos diuréticos para controlar a pressão arterial ou para retirar um excesso de líquido por uma alteração na função renal.
Leão também cita o aumento benigno de próstata e doenças neurológicas como causa da noctúria. Pacientes com distúrbios do sono, insuficiência cardíaca congestiva e com uma rotina desorganizada de hidratação também podem acabar desenvolvendo a condição.
Fernando Leão aponta que a noctúria não é uma doença, mas um sinal de alerta que pode indicar algum problema de saúde. Normalmente, os problemas relacionados a ela são:
- Falência crônica renal
- Diabetes
- Insuficiência cardíaca congestiva
- Distúrbios do sono, como apneia do sono, síndrome das pernas inquietas e insônia
Diagnóstico
Para o diagnóstico da causa da noctúria, o especialista realiza uma anamnese, ou seja, uma entrevista a fim de avaliar a história do paciente, a incidência da condição, hábitos, histórico médico e diversas outras informações necessárias para entender o problema.
Com isso, é comum a solicitação de exames como o ultrassom para avaliar os rins, bexiga e próstata nos homens — além de um exame de urina, urocultura e função renal. A partir desses exames e do perfil do paciente, realiza-se uma investigação mais pormenorizada a fim de entender a causa e estabelecer um tratamento adequado.
Porém, caso o médico suspeite de outros problemas de saúde relacionados, pode pedir exames, como:
- Glicemia
- Ureia
- Osmolalidade
- Clearance de creatinina
- Eletrólitos séricos
Fatores de risco
Os fatores de risco da noctúria estão interligados com as causas. Além do envelhecimento, o urologista Fernando Leão esclarece que sedentarismo, obesidade, predisposição para doenças, como diabetes, pressão alta e não ter o acompanhamento do urologista na prevenção de doenças da próstata são condições caracterizadas como fatores de risco para o desenvolvimento da noctúria.
Riscos da noctúria
A perda da qualidade de sono é o principal risco da noctúria, conforme explica o urologista Fernando Leão.
“A pessoa que dorme mal por estar levantando várias vezes para urinar terá a qualidade de sono totalmente prejudicada, acordando cansada, nervosa e impaciente porque não teve seu tempo mínimo de horas de sono necessárias para que o organismo pudesse fazer o seu descanso e reparo”, acrescenta Leão.
Além de comprometer o funcionamento do sono, estudos comprovam que a noctúria aumenta os riscos de acidentes por quedas, sonolência e até morte de idosos devido às condições do ambiente, como má iluminação ou objetos no caminho.
Dados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) estimam que há uma queda para uma em cada três pessoas com mais de 65 anos, e que uma em 20 das que sofreram a queda tiveram uma fratura ou necessitaram de internação. Dentre os mais velhos, com 80 anos ou mais, 40% sofrem de quedas a cada ano. Já dos que moram em casas de repouso, a frequência de queda é de 50%.
Para o idoso, a queda pode trazer consequências sérias à saúde. Algumas delas incluem a perda da funcionalidade, necessidade do uso de bengala ou andador e, em casos mais extremos, o paciente pode ficar acamado e com quadros graves de infecções, tromboembolismo venoso e até morte.
Tratamento
De modo geral, a noctúria pode ter diversas causas e serve como um alerta para que o paciente busque ajuda especializada. O tratamento varia de acordo com o diagnóstico estabelecido. Diversas doenças podem causar a noctúria e, a partir do tratamento da condição adjacente, a necessidade de urinar frequentemente some e o paciente volta a uma rotina natural de micção.
Por isso, somente um especialista capacitado pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento.
Em alguns casos, uma mudança de hábitos pode ajudar a reduzir a noctúria, tal como:
- Reduzir o consumo de líquidos (e de frutas ricas em água) antes de dormir
- Manter uma rotina de hidratação organizada, buscando beber bastante água durante o dia
- Mudar o horário de medicamentos diuréticos sob a devida orientação médica.
“(Existem) uns erros comuns na rotina das pessoas. Muitas delas não se hidratam bem durante o dia e, como o organismo está desidratado, com a chegada da noite a pessoa terá sede e fará uma hidratação mais vigorosa no início da noite”, explica Fernando Leão. Como consequência, o paciente terá a necessidade de ir ao banheiro mais vezes.
Referências
Mayo Clinic
University of Maryland
Fernando Leão, urologista e Cirurgião Robótico do Hospital Israelita Albert Einstein Goiânia e São Paulo. CRM: 9517 - SP