Médico Psiquiatra, psicoterapeuta e professor. Especialista em Saúde LGBTQIA+. Coordenador da Pós Psiquiatria na SANAR....
iRedatora especialista em conteúdos sobre saúde, família e alimentação.
O que é Psicose?
A psicose é o estado mental patológico caracterizado pela perda de contato do indivíduo com a realidade, que passa a apresentar sintomas como delírios, alucinações, pensamento e fala desorganizados e comportamento motor inapropriado, incluindo catatonia.
Causas
A psicose pode ser causada por inúmeros fatores, desde sociais, como o abuso de substâncias psicoativas e isolamento social; como psicológicos e genéticos, como a presença de transtornos mentais e hereditariedade. Outras algumas possíveis causas de psicose incluem:
- Transtorno bipolar
- Depressão
- Mal de Alzheimer
- Esquizofrenia
- Uso de substâncias psicoativas, como maconha e cocaína
- Estresse psicológico severo
- Privação do sono
- Epilepsia
- Abstinência de álcool
- Infecções e cânceres do sistema nervoso central
- Lúpus
- Insuficiência renal e hepática
- Cistos no cérebro ou tumores cerebrais
- Acidente vascular cerebral (AVC)
- AIDS
- Sífilis
Tipos
Os tipos de psicose são:
- Psicose resultante de uma condição mental ou psicológica, como esquizofrenia ou transtorno bipolar
- Psicose induzida pelo abuso de substâncias psicoativas e álcool
- Psicose reativa breve, que surge como resultado de um evento extremamente estressante
- Psicose orgânica, causada por uma lesão cerebral ou enfermidade física que altere o funcionamento do cérebro
Sintomas
Sintomas de psicose
Os principais sintomas da psicose são muito diversos e podem ser percebidos por meio de mudanças nas características pessoais do indivíduo, como o humor, modo de pensar e comportamento. Destaca-se que a intensidade pode variar de pessoa para pessoa e se alterar com o decorrer do tempo. Alguns dos principais sintomas incluem:
- Pensamento confuso: o modo que a pessoa encontra para se expressar costuma ser alterado, não havendo conexão entre as ideias. Nesses casos, as frases emitidas pelo paciente podem não ter sentido ou não serem claras. O indivíduo também pode encontrar dificuldades para concentrar-se e ter problemas de memória recente
- Delírios: a falsa ideia de perseguição está entre os principais tipos de delírios, caracterizada por sentimentos de medo e desconfiança constante. Uma pessoa com psicose pode, ainda, achar que tem poderes especiais ou que a televisão ou o rádio estão mandando mensagens diretamente a ela. Também pode apresentar ideias e pensamentos que fogem da realidade e acreditar em algo que não está acontecendo
- Alucinações: são percepções falsas da realidade. O indivíduo ouve vozes, vê coisas que não existem, sente cheiros esquisitos e pode ter sensações tácteis desagradáveis
- Comportamento alterado: no início, esse sinal costuma se manifestar na queda do rendimento no trabalho ou na escola. Os indivíduos podem ficar tanto ativos quanto letárgicos. Podem permanecer a maior parte do dia deitados ou sentados imóveis, assistindo televisão. Se antes essas mesmas pessoas eram comunicativas, de uma hora para a outra, elas podem não querer mais conversar com ninguém, preferindo ficar sozinhas no quarto, recolhida — como também pode acontecer também o inverso. Também podem falar ou rir sozinhos sem nenhum estímulo aparente.
Diagnóstico
A avaliação psiquiátrica é um dos métodos mais utilizados por médicos para diagnosticar uma psicose. Alguns testes laboratoriais também podem ser solicitados, como exame de sangue para medir os níveis de hormônios e eletrólitos na corrente sanguínea e também para detectar infecções, como sífilis. Testes para verificar a presença de algumas drogas no organismo também podem ser realizados — bem como exame de ressonância magnética cerebral.
Fatores de risco
O abuso de substâncias como o álcool e alguns tipos de drogas, principalmente as do tipo estimulantes, é o principal fator de risco para o surgimento de uma psicose. O estado de psicose pode se manifestar em todas as idades.
Buscando ajuda médica
A pessoa com psicose, em virtude dos sintomas do quadro, não apresenta crítica ou reconhece a situação — uma vez que há apreensão incorreta da realidade. Por isso, é importante que, a partir do surgimento dos primeiros sinais, um familiar procure ajuda médica especializada.
Tratamento
O tratamento da psicose depende da causa e do tipo de psicose. Quadros de esquizofrenia e bipolaridade, por exemplo, podem ser tratados a partir da administração de medicamentos antipsicóticos e outros para o controle dos sintomas — além de terapia cognitiva comportamental.
Se o paciente apresentar alguma dependência física ou psíquica de substâncias como drogas ou álcool, o tratamento também deverá reabilitá-lo dos vícios. Em alguns casos, a internação hospitalar pode ser necessária, principalmente se houver riscos para a segurança da pessoa e de outras pessoas ao redor.
Medicamentos
Os medicamentos mais usados para o tratamento de psicoses são:
- Haloperidol
- Clorpromazina
- Olanzapina
- Risperidona
- Ziprasidona
- Amissulprida
- Quetiapina
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
A psicose pode ter cura dependendo da causa e do tipo. Para alguns tipos da doença, não há cura viável, mas se o fator causador puder ser identificado e corrigido, o resultado geralmente é satisfatório e o tratamento com antipsicóticos tende a ser breve também. Algumas psicoses crônicas, como a esquizofrenia, podem exigir tratamentos por toda a vida para controlar os sintomas.
Prevenção
Evitar o consumo excessivo de álcool e cortar totalmente o uso de drogas pode ajudar a prevenir o tipo de psicose induzida por essas substâncias. Outros tipos da doença, no entanto, não podem ser prevenidos.
Convivendo (Prognóstico)
Acompanhamento médico e psiquiátrico frequente é mais que necessário para tanto o paciente quanto seus familiares conseguirem lidar bem com a doença. Para isso, é estritamente necessário que o paciente siga à risca as orientações médicas, obedecendo ao tratamento e não faltando às visitas ao psiquiatra.
Complicações possíveis
A psicose afeta diretamente a qualidade de vida do indivíduo. Muitos pacientes não conseguem levar uma vida normal devido aos sintomas, que são caracterizados principalmente pela perda de contato com a realidade.
Os sinais de uma psicose afetam diretamente no desempenho da pessoa no trabalho e nos estudos, além de impedi-lo de exercer algumas atividades básicas do dia a dia com eficiência.
Em suma, pacientes diagnosticados com algum tipo de psicose têm dificuldade para viver normalmente e muitas vezes são incapazes de cuidar de si mesmos. Se a doença não for tratada, eles podem apresentar perigo para si mesmos e outras pessoas ao redor.
Referências
Ministério da Saúde
Departamento de Psiquiatria da Unifesp
German Medical Science
US National Library of Medicine National Institutes of Health