Graduada em Medicina (2006) pela Faculdade de Medicina de Santo Amaro. Especialização em Clínica Médica pelo Hospital do...
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O que é Restrição de crescimento intrauterino?
A restrição de crescimento intrauterino (RCIU) é uma condição que ocorre quando o feto não atinge o peso esperado para a idade gestacional em que se encontra. Ela pode ser causada por diversos fatores, sendo mais comum devido a problemas no suprimento de nutrientes e de oxigênio através da placenta para o feto.
Bebês com RCIU podem apresentar uma série de complicações devido ao seu crescimento inadequado no útero, como baixo peso ao nascer (abaixo de 1,5 kg), prejuízos no desenvolvimento psicomotor e níveis de oxigênio reduzidos.
Causas
A causa mais comum da restrição de crescimento intrauterino é insuficiência placentária, caracterizada por um déficit de passagem de nutrientes e de oxigênio através da placenta para o feto.
Além disso, a RCIU pode ocorrer como resultado de alguns problemas maternos, como:
- Hipertensão arterial
- Pré-eclâmpsia
- Desnutrição
- Lúpus eritematoso
- Cardiopatias
- Problemas circulatórios
- Consumo excessivo de bebidas alcóolicas
- Tabagismo
- Infecções como toxoplasmose, hepatites, rubéola, sífilis e malária
Por fim, a RCIU também está associada a condições genéticas, como síndrome de Down, síndrome de Edwards e síndrome de Turner.
Sinais
Os sinais de alerta para a restrição de crescimento intrauterino podem variar dependendo da gravidade da condição, mas envolvem principalmente barriga menor que o esperado, movimentos fetais reduzidos e ganho de peso lento ou paralizado.
Após o nascimento, o bebê com RCIU apresenta sintomas como:
- Magreza
- Palidez
- Pele solta e seca
- Cordão umbilical fino e opaco
Diagnóstico
O diagnóstico da restrição de crescimento intrauterino é realizado durante o acompanhamento pré-natal a partir de alguns critérios de avaliação, como tamanho do útero (fundo uterino) e se ele está de acordo com o tempo de gestação esperado. Também são necessários exames, como:
- Doppler: é uma técnica que usa ondas sonoras para medir a quantidade e a velocidade do fluxo de sangue dentro dos vasos sanguíneos, capaz de avaliar a idade gestacional, a anatomia fetal, o peso estimado do bebê e o bem-estar fetal
- Ultrassom: é um dos exames mais importantes durante o pré-natal, em que é possível medir os valores da cabeça, do abdômen e do fêmur do bebê — além da quantidade de líquido amniótico
“A cada 3 meses é o período que se costuma pedir os exames específicos para cada fase da gestação para acompanhar o desenvolvimento do bebê. Para gestantes com o diagnóstico de RCIU, o pré-natal passa a ser de alto risco e as visitas e exames complementares mais frequentes. Cada caso é individualmente conduzido, visto que a RCIU pode ter diferentes causas”, explica Carla Iaconelli, ginecologista e especialista em reprodução humana.
Tratamento
Não existem tratamentos efetivos para o manejo da restrição de crescimento intrauterino. A abordagem envolve a monitorização da saúde do feto e do seu bem-estar através de exames que avaliam a frequência cardíaca (cardiotocografia), o líquido amniótico, os movimentos corporais e respiratórios do bebê e o fluxo de sangue na placenta.
Além disso, é importante a mudança de hábitos que são prejudiciais ao feto, como o tabagismo e o consumo de álcool. Infecções maternas podem ser tratadas com medicamentos e deve ser feito o controle dos fatores de risco, como hipertensão e diabetes.
O obstetra também deverá avaliar o melhor momento para realizar o parto. “Isso implica na preparação do bebê, se será necessário amadurecer os pulmões com a aplicação de corticoides e avaliar as condições da mãe — se deve continuar a gestação um pouco mais ou arriscar o parto prematuro, por exemplo”, esclarece Carla.
Cuidados
Cuidados com o bebê com RCIU
Os bebês com peso de nascimento muito baixo (abaixo de 1,5 kg) normalmente precisam de mais proteínas, cálcio e fósforo. Por isso, recebem suplementos em conjunto ao leite materno — que é o alimento essencial para seu desenvolvimento.
Através do aleitamento, o bebê recebe uma série de anticorpos e outras substâncias que fortalecem o sistema imunológico e que diminuem o risco de doenças, como diabetes, asma e leucemia.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, o leite materno deve ser o alimento exclusivo da criança até os seis meses de idade. Após esse período, a amamentação deve prosseguir junto com a complementação de outras fontes nutricionais — período conhecido como introdução alimentar.
Saiba mais: Até quando a criança pode mamar? Conheça os benefícios e os mitos da amamentação prolongada
Prevenção
Não existem medidas específicas para prevenir a restrição de crescimento intrauterino, mas alguns hábitos podem reduzir os riscos da condição e aumentar as chances de uma gravidez saudável, como:
- Descansar bastante
- Manter uma alimentação adequada, rica em nutrientes e proteínas
- Não fumar ou consumir bebidas alcoólicas
- Avaliar se os medicamentos usados são adequados para pessoas grávidas
- Manter o acompanhamento pré-natal adequado
- Realizar atividades físicas, seguindo orientação médica
- Controlar condições preexistentes, como diabetes e hipertensão
Complicações possíveis
O bebê com RCIU pode apresentar uma série de complicações, como:
- Baixo peso ao nascer (abaixo de 1,5 kg)
- Sofrimento fetal durante o trabalho de parto e parto vaginal
- Aspiração de mecônio (inalação das primeiras fezes excretadas no útero)
- Hipoglicemia, caracterizada por um nível anormalmente baixo de glicose no sangue
- Hipotermia, quando a temperatura do corpo se encontra abaixo dos 35º
- Glóbulos vermelhos acima da referência normal
- Hemorragia pulmonar
- Prejuízos no desenvolvimento psicomotor
- Níveis de oxigênio reduzidos
- Baixo índice de Apgar, avaliação que ajuda a identificar dificuldade de adaptação do bebê depois do parto
Na vida adulta, a RCIU também predispõe ao desenvolvimento de algumas doenças, como hipertensão arterial, aterosclerose e diabetes.
Referências
Manual MSD
Ministério da Saúde
A. Sferruzzi-Perri et all