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iO que é Tuberculose pulmonar?
A tuberculose pulmonar é uma infecção bacteriana contagiosa que afeta principalmente os pulmões, mas que pode se espalhar para outros órgãos.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), nove milhões de pessoas contraíram a bactéria causadora da tuberculose em 2013. Dessas, 1,5 milhão morreu em decorrência da doença, sendo que aproximadamente 95% dessas mortes ocorreram em países menos desenvolvidos. Apesar dos altos números, a incidência de tuberculose está caindo lentamente ano a ano. De 1990 até os dias atuais, o número de mortes causadas pela doença caiu 45% e a estimativa, ainda de acordo com a OMS, é que a epidemia seja controlada já em 2015.
Durante muitos anos a tuberculose foi uma das principais causas de mortes em todo mundo. Motivo de grande preocupação durante o século XIX e no início do século XX, ela acometia principalmente as classes mais pobres e fazia vítimas de todas as idades. Com o tempo, ações de combate à doença ajudaram a controlar o quadro e o número de infecções se estabilizou, antes de finalmente começar a declinar. Por volta dos anos 80, no entanto, a incidência de tuberculose voltou a crescer com o surgimento da Aids. Até hoje, a tuberculose é uma das principais doenças oportunistas que acometem as pessoas com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. Além disso, o aparecimento de focos da doença resistente aos medicamentos até então existentes ajudou a agravar o cenário, levando a tuberculose a um novo status epidemiológico em todo o mundo.
E no Brasil?
Por aqui, segundo o Ministério da Saúde, a tuberculose é considerada uma doença endêmica. A endemia se difere da epidemia por ser de caráter contínuo a restrito a uma determinada área. A partir do surgimento da Aids, no entanto, a tuberculose passou a apresentar características tipicamente epidemiológicas – tanto aqui quanto no restante do mundo. Hoje, com os métodos preventivos existentes, como a vacinação e campanhas promovidas pelo Ministério da Saúde e secretarias de saúde dos estados, o cenário já não é tão grave.
Por outro lado, a tuberculose ainda é considerada um sério problema de saúde pública no Brasil – e com profundas raízes sociais. Cerca de 70 mil novos casos são notificados todos os anos, sendo aproximadamente 4,6 mil mortes causadas em decorrência da doença. Hoje, o Brasil ocupa o 17º lugar entre os 22 países responsáveis por 80% do total de casos de tuberculose no mundo.
Nos últimos 17 anos, a tuberculose apresentou queda de 38,7% na taxa de incidência e 33,6% na taxa de mortalidade. A tendência é que esse número caia cada vez mais.
Causas
A tuberculose pulmonar é causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch. Ela é transmitida pelo ar, por meio de gotículas provenientes de tosse ou espirro de uma pessoa infectada. Essas gotículas contaminadas podem sobreviver, dispersas no ar, durante horas – desde que não entrem em contato com a luz solar. Ao respirar o ar contaminado, uma pessoa sadia inala as microbactérias, que se instalam nos pulmões. Em poucas semanas, surgirá uma inflamação na região, embora ela ainda não seja um sinal da tuberculose em si. Trata-se do primeiro contato da bactéria com o organismo, chamado de primo-infecção. Depois disso, o bacilo transmissor da doença pode se espalhar e se alojar em outros órgãos do corpo.
Se a pessoa infectada estiver com um bom sistema imunológico, a bactéria provavelmente não causará a doença, permanecendo em estado latente dentro do organismo. Se, em algum momento da vida, a resistência da pessoa baixar por algum motivo, o bacilo poderá entrar em atividade e vir a causar os sinais e sintomas típicos da tuberculose. Em poucos casos, a doença poderá se manifestar logo no primeiro contato do corpo com a M. tuberculosis.
Contagiosidade
E quando uma pessoa infectada passa a contagiar outras? A transmissão da tuberculose pulmonar pode ocorrer a partir de quatro principais fatores:
- Extensão da doença: uma pessoa tem mais chances de transmitir a bactéria para outra se os danos pulmonares forem muito extensos. Pacientes com lesões nos pulmões, chamadas de “cavernas”, são mais infectáveis que o restante
- Liberação das secreções respiratórias no ambiente por meio da fala, tosse ou espirro
- Condições do ambiente: locais com pouca luz e mal ventilados são ideias para a proliferação da bactéria no ar e favorecem o contágio
- Tempo e intensidade de exposição do indivíduo sadio com uma pessoa infectada.
Ou seja, é mais provável que uma pessoa contraia a bactéria no próprio ambiente de trabalho do que andando na rua, por exemplo. Em geral, os riscos de transmissão da tuberculose pulmonar são maiores enquanto a pessoa infectada estiver eliminando bacilos no ambiente. Com o início do tratamento, a transmissão tende a diminuir gradativamente e, após 15 dias, os níveis de contaminação são praticamente insignificantes.
Sintomas
Ao ser infectada pela bactéria causadora da tuberculose, uma pessoa pode ou não desenvolver os sinais e sintomas da doença – tudo vai depender das condições do sistema imunológico e do quão resistente a pessoa está a determinados agentes invasores. Em alguns casos, o bacilo de Koch entra no organismo e nossos anticorpos logo tratam de eliminá-lo. Em outros, a bactéria invade nosso corpo e se aloja no pulmão, permanecendo em estado latente até que a resistência baixe e torne o organismo vulnerável à ação do bacilo. Nesses casos, os sinais e sintomas típicos da tuberculose pulmonar começam a surgir. Eles são:
- Tosse intensa e contínua, que dure mais de duas ou três semanas
- Presença de sangue na tosse
- Dor no peito
- Dor durante a respiração ou acompanhada da tosse
- Dificuldade para respirar
- Perda de peso não intencional
- Fadiga
- Fraqueza
- Febre
- Suores noturnos
- Calafrios
- Perda de apetite.
Quando a infecção está em estado latente, a pessoa não pode transmiti-la, pois não apresenta os sintomas. A transmissão só ocorre quando o indivíduo passa a lançar micropartículas contaminadas com a bactéria – o que acontece principalmente a partir da tosse.
Além disso, a tuberculose pode não se restringir somente ao pulmão, podendo afetar outros órgãos também, como os rins, a coluna vertebral e até mesmo o cérebro. Quando isso acontece, os sinais e sintomas variam de acordo com o órgão afetado. A tuberculose que acomete a coluna, por exemplo, pode levar a um quadro crônico de dor nas costas, enquanto que a tuberculose que se espalha para os rins pode levar à presença de sangue na urina.
Diagnóstico
O diagnóstico de tuberculose começa com um exame físico, no qual o médico examinará os nódulos linfáticos do paciente em busca de sinais de inchaço e utilizará um estetoscópio para ouvir atentamente aos sons pulmonares produzidos durante a respiração.
Em seguida, o especialista realizará um exame simples de pele no paciente – que é um dos principais métodos para identificar tuberculose. Nele, uma pequena quantidade de uma substância chamada tuberculina PPD é injetada no antebraço do paciente. Cerca de 48 a 72 horas após a aplicação da injeção, o indivíduo deve voltar ao consultório médico, no qual o especialista sairá em busca de um inchaço na região onde a substância foi injetada. Se houver a presença de uma protuberância vermelha no local, então o diagnóstico é positivo para tuberculose pulmonar. O tamanho do inchaço indica se os resultados deste teste são significativos e confiáveis ou não.
Este exame cutâneo, no entanto, não é perfeito e o resultado obtido pode estar errado. Isso acontece tanto em casos de pessoas que não têm a doença, mas o resultado do teste aponta que sim, quanto para indivíduos que estão com tuberculose, mesmo o exame afirmando que não.
Um teste falso-positivo para a doença costuma acontecer quando a pessoa que o realizou acabou de tomar a vacina BCG, que é muito pouco utilizada em alguns países, mas que costuma ser bastante aplicada em locais onde a incidência de tuberculose é muito alta. Já um resultado falso-negativo pode acontecer com pessoas que não respondem à substância injetada no exame e, portanto, não desenvolvem a protuberância no antebraço. Esse engano também costuma ocorrer com indivíduos que acabaram de ser infectados pela bactéria e, por isso, seus organismos ainda não tiveram tempo de reagir aos invasores.
Para evitar esses casos, novos métodos de diagnóstico foram desenvolvidos ao longo do tempo. Confira:
Exame de sangue
Este teste pode ser usado para diagnosticar tanto a tuberculose ativa quanto a tuberculose latente. Para realiza-lo, é utilizada uma tecnologia bastante sofisticada que mede a reação do sistema imunológico do organismo à presença da bactéria causadora da doença. Os exames de sangue são indicados principalmente para pessoas que receberam um resultado negativo do teste cutâneo e que acabaram de receber a vacina BCG.
Testes de imagem
Indicados prioritariamente para confirmar o diagnóstico de pessoas que receberam um resultado positivo do teste cutâneo, os exames de imagem mais recomendados pelos médicos são a radiografia do tórax e a tomografia computadorizada. Esses testes podem mostrar a presença de manchas brancas ou outras alterações nos pulmões causadas pela tuberculose. Geralmente, as tomografias fornecem uma visão mais detalhada do que os raio X.
Exame de escarro
Feito geralmente após os testes de imagem, o exame de escarro costuma ser recomendado pelo especialmente depois que a radiografia ou a tomografia do tórax deram resultado positivo para tuberculose. Nesses casos, o médico recolhe uma amostra do escarro, que é o muco presente na tosse, e a envia para análise laboratorial.
As amostras recolhidas na expectoração também pode ser usadas para testar as estirpes bacterianas resistentes a medicamentos contra a tuberculose, o que pode ajudar o especialista a escolher a melhor forma de tratamento para o paciente.
Fatores de risco
Qualquer pessoa pode ser infectada pela bactéria causadora da tuberculose, mas algumas pessoas estão sob um maior risco de desenvolver a doença. Idosos, bebês e indivíduos imunossuprimidos são as principais populações-chave para a tuberculose pulmonar.
Diversas razões podem levar uma pessoa a ser menos resistente à ação de bactérias, como o bacilo de Koch. Elas são:
- Infecção por HIV / Aids
- Diabetes
- Insuficiência renal crônica
- Câncer
- Quimioterapia, um método bastante usado para tratar alguns tipos de câncer
- Medicamentos usados para evitar a rejeição do organismo a um órgão transplantado
- Medicamentos prescritos para tratar artrite reumatoide, doença de Crohn e psoríase
- Desnutrição
- Ter pouca idade ou idade avançada.
Além disso, viver ou viajar para determinadas regiões do mundo também pode aumentar os riscos de uma pessoa vir a desenvolver tuberculose pulmonar. Isso acontece porque a doença ainda é comum em países pouco desenvolvidos, como os da África subsaariana, e em países em processo de industrialização, como é o caso da Índia, China, Rússia e Paquistão. Em 2013, a maior parte dos casos de tuberculose em todo o planeta (56%) aconteceu no sudeste da Ásia e na região ocidental do Oceano Pacífico. No entanto, a África é a região com a maior proporção de novos casos, com 280 infectados para cada 10 mil pessoas em 2013.
A falta de acesso a cuidados médicos básicos, comum em países pouco desenvolvidos, onde o número de pessoas vivendo em condições de miséria costuma ser mais alto, também é um importante fator de risco para a tuberculose. Mesmo em países industrializados, como os Estados Unidos, pessoas que vivem nas ruas e não têm acesso a boas condições de higiene e a serviços de saúde especializados também estão sob maior risco de ter tuberculose.
O tabagismo também aparece entre os principais fatores de risco elencados pela Organização Mundial da Saúde. De acordo com a entidade, o consumo de cigarros aumenta as chances de incidência e de morte em decorrência da doença. Cerca de 20% dos casos de tuberculose em todo o mundo são atribuídos ao fumo.
Indivíduos que vivam ou que trabalhem como voluntários de saúde pública, em asilos, albergues para moradores de rua, centros de imigração, prisões, campo de refugiados ou abrigos também devem redobrar a atenção quanto aos cuidados com a própria saúde. Em locais como esse, há grande proliferação de vírus e bactérias, como a causadora da tuberculose.
HIV e a tuberculose
Desde os anos 1980, o número de casos de tuberculose aumentou drasticamente em decorrência do surgimento e da propagação do HIV, o vírus causador da Aids. Quando os primeiros casos da doença surgiram, pouco se sabia sobre ela e muito menos sobre métodos de prevenção. Hoje, sabe-se que uma pessoa infectada pelo vírus HIV pode ter uma vida perfeitamente normal, desde que siga o tratamento corretamente. Graças às novas terapias disponíveis, nem todo soropositivo desenvolverá Aids em algum momento da vida – ao contrário do que acontecia há 30 anos. No entanto, nem todas as pessoas infectadas com o vírus têm amplo acesso ao tratamento recomendado, principalmente as que vivem em condições de pobreza, como é o caso dos habitantes da África subsaariana. Isso faz com que muitas delas desenvolvam a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, caracterizada pela supressão do sistema imunológico, que passa a não ser exercer corretamente sua função de proteger o organismo de agentes invasores. O corpo, portanto, torna-se vulnerável à ação do bacilo de Koch, levando o indivíduo a apresentar os sinais e sintomas da tuberculose pulmonar mesmo após a primeira infecção. Segundo a OMS, soropositivos têm de 26 a 31 vezes mais chances de contrair tuberculose do que pessoas HIV-.
Como o organismo não pode se proteger contra a ação da bactéria, e o tratamento nesses casos costuma ser bem mais difícil, muitos soropositivos que contraem tuberculose acabam falecendo em decorrência da doença. Atualmente, a tuberculose pulmonar é uma das principais doenças que se aproveitam da imunodeficiência apresentada por pessoas infectadas pelo vírus HIV, as chamadas doenças oportunistas. Por essa razão, os soropositivos são alguns dos principais alvos de campanhas sobre métodos de prevenção contra tuberculose.
Tuberculose resistente a medicamentos
Outra razão pela qual a tuberculose continua a ser um problema de saúde pública mundial é o aumento de cepas da bactéria resistentes aos medicamentos disponíveis para o tratamento da doença. Desde que os primeiros antibióticos começaram a ser usados para combater a tuberculose, 60 anos atrás, algumas cepas da bactéria causadora da doença passaram a desenvolver uma certa resistência a eles. Com a reprodução, essa nova habilidade da bactéria passou para seus descendentes, que se proliferaram e inutilizaram os métodos até então existentes para combater a tuberculose.
Cepas bacterianas resistentes a medicamentos surgem quando um antibiótico não é capaz de matar todas as bactérias. Desta forma, as bactérias que sobrevivem à ação do remédio se tornam resistentes a ele e, às vezes, a outros tipos de antibióticos também. Com o tempo, percebeu-se que o bacilo de Koch passou a desenvolver uma resistência aos principais medicamentos usados, tais como isoniazida e rifampicina.
Algumas estirpes de tuberculose pulmonar também desenvolveram resistência a alguns antibióticos que eram menos utilizados no tratamento da doença, como os do grupo das fluoroquinolonas, e também a medicamentos injetáveis, como amicacina, canamicina e capreomicina. Essas drogas são frequentemente utilizadas no tratamento de outros tipos de infecções, causadas por bactérias que também desenvolveram resistência a seus medicamentos tradicionais.
Na consulta médica
Especialistas que podem diagnosticar a tuberculose pulmonar são:
- Clínico geral
- Pneumologista
- Infectologista
- Neurologista (caso a doença afete o cérebro e a coluna vertebral, por exemplo)
- Nefrologista (caso a doença atinja também os rins).
Estar preparado para a consulta pode facilitar o diagnóstico e otimizar o tempo. Dessa forma, você já pode chegar à consulta com algumas informações:
- Uma lista com todos os sintomas e há quanto tempo eles apareceram
- Histórico médico, incluindo outras condições que o paciente tenha e medicamentos ou suplementos que ele tome com regularidade
- Se possível, peça para uma pessoa te acompanhar.
O médico provavelmente fará uma série de perguntas, tais como:
- Quando os sintomas surgiram?
- Você já apresentou esses sintomas antes? Quantas vezes?
- Os sintomas têm se intensificado gradualmente?
- Você foi diagnosticado com alguma outra condição médica que explique os sinais e sintomas que você apresenta?
- Você já foi diagnosticado com alguma condição imunossupressora?
- Você tem tosse intensa?
- Você notou a presença de sangue na tosse?
- Você já fez testes para tuberculose antes?
- Você já tomou a vacina contra tuberculose?
- Você viajou recentemente para algum país em que haja uma incidência muito elevada de tuberculose?
- Você fuma? Com que frequência?
Também é importante levar suas dúvidas para a consulta por escrito, começando pela mais importante. Isso garante que você conseguirá respostas para todas as perguntas relevantes antes da consulta acabar. Para tuberculose pulmonar, algumas perguntas básicas incluem:
Saiba mais: Tuberculose: esclarecemos sete dúvidas sobre a doença
- A tosse persistente pode indicar a ocorrência de outra condição médica de saúde? Qual, por exemplo?
- Eu posso tomar a vacina mesmo após o diagnóstico de tuberculose?
- A tuberculose pode apresentar outros sintomas no futuro? Quais?
- Eu posso transmitir a doença?
- Eu precisarei ficar internado para tratar a tuberculose?
- Quanto tempo dura o tratamento, em média?
- Eu corro o risco de desenvolver outras doenças?
Não hesite em fazer outras perguntas, caso elas ocorram no momento da consulta.
Buscando ajuda médica
Os principais sinais e sintomas relativos à tuberculose também são comuns a outras doenças e, em geral, necessitam de atenção médica. A tosse insistente e contínua é uma das principais características da doença – principalmente quando vem acompanhada de sangue.
Se você apresentar os sintomas descritos acima, é melhor procurar a ajuda de um médico o quanto antes. Se o diagnóstico for positivo para tuberculose, o médico deverá notificar as autoridades e tomar as medidas cabíveis para que você não transmita a bactéria para outras pessoas. Para isso, é necessário que o tratamento se inicie imediatamente.
Populações-chave
As principais populações-chave para tuberculose, que são aquelas que estão sob maior risco de desenvolver a doença, devem procurar assistência médica mesmo quando não apresentam os sintomas. Fumantes e pessoas imunossuprimidas em decorrência de alguma condição médica, métodos terapêuticos, uso de medicamentos e até mesmo da idade (como crianças pequenas e idosos) devem passar pelos testes tradicionais para diagnóstico de tuberculose pulmonar latente. Se a doença for identificada precocemente, ou seja, antes do surgimento dos sinais e sintomas, as chances de recuperação dessas pessoas são bem mais altas.
Essa abordagem, que também é recomendada pela OMS e pelos centros de controle e prevenção de doenças infectocontagiosas, é útil para evitar a disseminação de condições de saúde endêmicas e evitar que o número de novos casos volte a aumentar.
Tratamento
O tratamento para tuberculose pulmonar é feito, basicamente, por meio de medicamentos, assim como acontece no caso de outras infecções bacterianas. O tratamento da tuberculose, por outro lado, é muito mais difícil e costuma demorar mais tempo do que a duração média para outros tipos de infecções causadas por bactérias.
O uso de antibióticos contra tuberculose deve acontecer por, pelo menos, de seis a nove meses, dependendo do paciente. O tipo de medicamento utilizado e o tempo exato de duração do tratamento variam de acordo com a idade, com a presença ou ausência de outras condições de saúde, com uma possível resistência da cepa bacteriana identificada no diagnóstico, com a forma de tuberculose (latente ou ativa) e com os locais do corpo que foram afetados pela infecção.
Experimentos recentes revelaram que o uso combinado de diversos medicamentos por apenas quatro meses tem se mostrado mais eficiente no combate à evolução da tuberculose, principalmente em pacientes diagnósticos com a doença em estado latente. O tempo menor de tratamento garante que a pessoa tenha acesso à toda medicação que necessita e, ainda por cima, diminui as chances de ela desenvolver efeitos colaterais.
Medicamentos
Pessoas diagnosticadas com tuberculose latente geralmente necessitam de apenas um tipo de medicação. Já pacientes que são diagnosticados com a doença em curso necessitam de uma abordagem terapêutica um pouco mais radical, com o uso de diversos tipos de antibióticos – principalmente se a cepa bacteriana identificada for resistente a determinados tipos de remédios. Os medicamentos mais comumente usados no tratamento de tuberculose incluem:
- Isoniazida
- Rifampicina
- Etambutol
- Pirazinamida.
Se o paciente tem tuberculose resistente a alguns tipos de medicamentos, uma combinação de antibióticos chamada fluoroquinolonas com medicamentos injetáveis geralmente é a opção mais utilizada pelos médicos. Nesses casos, o tratamento costuma ser prescrito por aproximadamente de 20 a 30 meses.
Uma série de outras drogas está sendo testada para combater as bactérias que tornaram-se resistentes aos antibióticos tradicionalmente usados.
Medicamentos
Os medicamentos mais usados para o tratamento de tuberculose pulmonar são:
- Androcortil
- Bromidrato de Fenoterol
- Betametasona
- Celestone
- Decadron
- Dexametasona
- Leucogen
- Prednisolona
- Predsim
- Prednisona.
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
Interromper o uso dos antibióticos ou não toma-los de acordo com a orientação médica pode fazer com que as bactérias sobreviventes tornem-se resistentes aos medicamentos usados em seu tratamento, tornando o quadro infeccioso muito mais grave e difícil de tratar.
Se a pessoa seguir o tratamento corretamente, os sinais e sintomas desaparecerão com o tempo e logo os antibióticos serão capazes de matar todas as bactérias presentes no corpo, levando o indivíduo à cura.
De acordo com a OMS, entre 2000 e 2013, 37 milhões de vidas foram salvas graças às novas técnicas de tratamento disponíveis para tuberculose.
Prevenção
A melhor forma de se prevenir contra a tuberculose pulmonar é tomando a vacina.
Saiba mais: Vitamina D ajuda no combate à tuberculose
Em países onde a tuberculose é mais comum, as crianças costumar ser vacinadas com a vacina BCG, mas ela não é totalmente eficaz em adultos. No Brasil, a vacina BCG deve ser ministrada às crianças obrigatoriamente no primeiro ano de vida ou, no máximo, até os quatro anos de idade. Se aos cinco anos seu filho ainda não foi vacinado contra tuberculose, procure um médico.
Além de prevenir a você mesmo, é preciso também ajudar a não transmitir a doença para os outros. Durante as primeiras semanas, em que os sintomas costumam ser mais intensos, procure cobrir a boca ao tossir ou espirrar e procure evitar ao máximo o contato próximo com pessoas sadias, não frequentando ambientes fechados e com pouca luz.
Convivendo (Prognóstico)
Os dois principais obstáculos de pacientes que estão em tratamento para tuberculose são o tempo e os efeitos colaterais dos medicamentos, embora eles não sejam tão comuns. Quando ocorrem, os sintomas que surgem em decorrência do uso dos antibióticos podem ser perigosos para a saúde, por isso seu uso deve ser observado e administrado de perto por um especialista.
Os principais efeitos colaterais do tratamento tradicional de tuberculose incluem náuseas e vômitos, perda de apetite, icterícia, urina com cor anormal e escura e febre intensa e contínua. Além disso, o grande uso de remédios pode causar danos também ao fígado.
A duração do tratamento contra tuberculose também costuma dificultar a convivência do paciente com a doença. Mais demorado e complexo do que o tratamento de outras infecções bacterianas, o uso contínuo de antibióticos contra o bacilo de Koch pode causar prejuízos à saúde física e psicológica do paciente. Novas técnicas e abordagens terapêuticas estão sendo estudadas para facilitar o tratamento e acelerar a recuperação.
Apesar de ser difícil, é altamente recomendável que o paciente siga à risca as recomendações médicas e não abandone o tratamento.
Depois de algumas semanas, o paciente deixa de exalar as gotículas contaminadas no ambiente, parando, portanto, com os riscos de infectar outras pessoas. Além disso, o tratamento também ajuda no alívio dos sinais e sintomas e, depois de alguns dias, o paciente já começa a se sentir melhor.
Para ajudar as pessoas a lidar melhor com o tratamento para tuberculose, um programa chamado Tratamento Diretamente Observado (DOT, na sigla em inglês) pode ser uma boa opção. Esta nova abordagem consiste numa mudança na forma de administrar os medicamentos, porém sem alterações no esquema terapêutico: um profissional treinado passa a observar o uso da medicação pelo paciente desde o início do tratamento até a cura.
Complicações possíveis
Sem tratamento, a tuberculose pulmonar pode ser fatal. Em sua forma ativa, ela costuma afetar principalmente os pulmões, mas pode se espalhar para outros órgãos e piorar a saúde do paciente de um modo geral. Confira algumas das principais possíveis complicações decorrentes da tuberculose:
- Dores na coluna e rigidez muscular
- Lesões articulares, causadas por artrite tuberculosa – que geralmente afeta os quadris e os joelhos
- Meningite, que pode levar à dor de cabeça persistente e contínua durante semanas, além de possíveis alterações mentais
- Problemas hepáticos e renais. O fígado e os rins passam a não exercer corretamente a função de filtrar o sangue e livrá-lo de impurezas e resíduos
- Problemas cardíacos, que, em geral, podem incluir a inflamação dos tecidos que rodeiam o coração, dificultando o bombeamento de sangue e podendo levar o indivíduo à morte.
Referências
Ministério da Saúde
Organização Mundial da Saúde
Mayo Clinic
Portal da Tuberculose
Centers for Disease Control and Prevention