Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
A geração Z parece se sentir atraída por trabalhos que os millennials consideram tediosos e monótonos. Enquanto pessoas na casa dos 30 anos preferem evitar certas atividades, os jovens recém-formados veem nesses espaços mais do que uma simples porta de entrada para o mercado de trabalho. O principal benefício que encontram: a possibilidade de ajudar suas comunidades.
O fato de as novas gerações se interessarem por empregos que muitos preferem evitar não é novidade. Já vimos isso com o aumento do interesse por profissões tradicionais. No entanto, também tem ganhado força uma profissão que, segundo um estudo da Universidade de Essex, é considerada a segunda mais entediante — perdendo apenas para a de analista de dados: a contabilidade.
Como aponta um artigo da Fortune, cerca de 340 mil contadores abandonaram a profissão nos últimos cinco anos. A isso se soma o fato de que, nos próximos dez anos, 75% dos profissionais ainda em atividade devem se aposentar. É nesse contexto que a geração Z entra em cena — mas com um objetivo diferente de apenas ocupar um cargo: transformar a vida das pessoas.
Como explica o veículo norte-americano, os jovens nos Estados Unidos estão se dedicando à contabilidade não por uma paixão por números ou finanças, mas porque veem nela uma forma de ajudar seus compatriotas a economizar e obter reembolsos fiscais. Um exemplo é o relato da estudante Alana Kelley, que ajudou um criador de cabras a conseguir um reembolso de 6 mil dólares.
Da mesma forma, outros estudantes universitários colocaram em prática seus conhecimentos contábeis para gerar um impacto positivo em comunidades, com o objetivo de ajudar pessoas com seus impostos e finanças pessoais. Cerca de 280 alunos da Universidade Estadual da Califórnia auxiliaram mais de 9 mil contribuintes a reivindicar quase 11 milhões de dólares em reembolsos fiscais.
"Embora a contabilidade possa ter, entre os jovens, uma certa imagem de não ser tão instigante ou empolgante, uma vez que eles realmente se envolvem na prática e veem como ela se desenrola no mundo real, isso muda a forma de pensar e a opinião das pessoas".
Ao contrário dos millennials, os jovens da geração Z tendem a buscar empregos que ofereçam estabilidade ou que permitam construir um projeto de vida. Ao mesmo tempo, esse tipo de trabalho também ajuda a ganhar experiência e aumentar as chances de acesso a salários melhores após a graduação. Mas, sem dúvida, tudo isso está ligado a uma de suas maiores motivações: ter um trabalho com propósito.
Agora, situando-nos no contexto do México, também é possível observar um crescimento favorável na carreira de contabilidade. Segundo dados reunidos pela Astiazarán, entre 2016 e 2023 houve um aumento de 15,9% no número total de matriculados nesse curso de graduação no país. Isso levou a que, ao final de 2023, o número de formados em contabilidade ultrapassasse os 43.300.
Entre o quarto trimestre de 2016 e o segundo trimestre de 2023, a quantidade de contadores e auditores no México cresceu de 377 mil para 480 mil profissionais — um aumento de 21,46%. Embora o número de recém-formados em contabilidade tenha aumentado 28,9% no mesmo período, o mercado de trabalho conseguiu absorver 74,26% desses novos profissionais, um índice considerado satisfatório.
Um dado positivo é que 59% dos formados em contabilidade encontram emprego nos primeiros seis meses após a graduação. Ainda que esses números não considerem aspectos como a carga horária ou as condições do ambiente de trabalho, também não indicam um cenário perfeito. Vale destacar que o salário médio mensal de um contador no México gira em torno de 8 mil pesos.
Como podemos observar, embora alguns possam considerar essa profissão tediosa, há quem a enxergue como uma oportunidade de contribuir, em vez de apenas receber. No fim das contas, estamos diante de uma geração que propõe novas formas de perceber e lidar com o mundo do trabalho, em contraste com as gerações anteriores. Seja por benefício pessoal ou coletivo, eles têm suas prioridades bem definidas.
Saiba mais: Geração Z virou dor de cabeça para empresas: 95% dos jovens admitem que relaxam no horário de trabalho