Bacharel em Psicologia pela UFF (Universidade Federal Fluminense) e pós-graduanda em Prática Baseada em Evidências Cient...
iJornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iSabe aqueles dias em que a ansiedade bate forte e, sem nem perceber, você já está abrindo a geladeira pela terceira vez em meia hora? Ou então devorando uma barra inteira de chocolate como se fosse a única maneira de aliviar essa sensação ruim?
Descontar na comida quando estamos ansiosos é mais comum do que parece — e não tem nada a ver com falta de força de vontade. A verdade é que esse comportamento tem raízes profundas no nosso funcionamento emocional e, segundo a psicologia, está ligado a mecanismos de compensação e alívio imediato.
Com a ajuda da psicóloga Rebeca Carletto, vamos entender por que a ansiedade muitas vezes vem acompanhada de uma vontade quase incontrolável de comer (geralmente algo calórico e reconfortante) e o que está por trás desse impulso. Acompanhe!
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O que significa quando uma pessoa está ansiosa e desconta na comida?
Descontar na comida durante momentos de ansiedade é uma resposta do corpo e da mente ao estresse. Segundo a psicóloga Rebeca Carletto, isso acontece porque o cérebro associa certos alimentos — especialmente os mais calóricos e ricos em açúcar e gordura — a uma sensação imediata de conforto. “Quando usamos a comida como forma de aliviar a ansiedade, o cérebro associa esse comportamento a uma sensação imediata de recompensa”, explica a especialista.
O motivo está no sistema de recompensa do cérebro: ao consumir esses alimentos, há uma liberação de dopamina, o neurotransmissor ligado à sensação de prazer. O alívio vem rápido — mas dura pouco. “Essa resposta reforça o ciclo: quanto mais comemos para lidar com emoções difíceis, mais o cérebro aprende que a comida é uma forma de ‘resolver’ o desconforto”, diz Rebeca. Esse hábito se transforma em um padrão difícil de quebrar, que muitas vezes gera frustração e culpa.
Além disso, a ansiedade ativa o cortisol, o conhecido hormônio do estresse, que também influencia o apetite. “O cortisol aumenta em situações de ansiedade e pode elevar o apetite, especialmente por alimentos mais calóricos”, aponta a psicóloga. Isso acontece porque o corpo, em estado de alerta, busca fontes rápidas de energia para enfrentar a tensão — como se estivesse se preparando para uma ameaça.
Como saber se você está comendo por fome real ou emocional?
Para distinguir a fome física da fome emocional, é necessário prestar atenção aos sinais do corpo e aos próprios sentimentos. Segundo a psicóloga Rebeca Carletto, a fome verdadeira — aquela ligada à necessidade biológica — costuma aparecer de forma gradual. “Ela surge aos poucos, está relacionada ao tempo desde a última refeição e pode ser saciada com qualquer tipo de alimento”, explica.
Já a fome emocional é bem mais impulsiva. “Ela aparece de forma súbita, geralmente acompanhada de vontade de comer algo específico, como um doce ou fast food”, diz Rebeca. Além disso, vem associada a sentimentos como tédio, estresse, tristeza ou frustração — e a comida entra como uma tentativa de preencher esse vazio momentâneo.
Outro sinal importante é o que acontece depois de comer. Na fome emocional, o alívio costuma ser breve e, muitas vezes, dá lugar a sensações desconfortáveis. “Mesmo após comer, a sensação de alívio é passageira e pode vir seguida de culpa ou arrependimento”, aponta a psicóloga.
Estratégias que ajudam a lidar com a ansiedade sem recorrer à comida
Existem maneiras mais saudáveis (e eficazes!) de lidar com esse turbilhão de emoções sem precisar devorar uma barra de chocolate. Segundo a psicóloga Rebeca Carletto, tudo começa com a consciência: “Reconhecer os gatilhos emocionais é o primeiro passo. Observar o que desperta a vontade de comer ajuda a quebrar o automático e entender melhor o que está por trás daquele impulso.” Entre as outras estratégias sugeridas estão:
- Praticar a respiração consciente e o relaxamento corporal, que ajudam a reduzir a ativação física da ansiedade;
- Buscar atividades que tragam prazer ou distraiam de forma saudável, como caminhar, ouvir música ou conversar com alguém de confiança;
- Trabalhar o autoconhecimento na terapia, aprendendo a lidar com as emoções de forma mais equilibrada;
- Construir uma rotina alimentar organizada, que reduza episódios de compulsão causados por privação ou desorganização.
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