
Redatora de conteúdos sobre beleza, família e bem-estar.

Nos últimos anos, as bebidas vegetais tornaram-se uma alternativa ao leite convencional. Essas bebidas deixaram de ser recurso apenas de quem evita produtos de origem animal ou da lactose presente no leite de vaca e se tornaram mais uma opção para muitos. A questão é saber até que ponto estas alternativas são nutricionalmente comparáveis ao leite.
Leia também: Leite melhora a imunidade? Conheça benefícios que vão além do cálcio
Novo estudo
Um novo estudo analisou as propriedades nutricionais de algumas alternativas ao leite. A equipe responsável pelo estudo observou que algumas reações químicas no processo dessas bebidas reduziram o aporte nutricional do produto final.
Que este tipo de alternativas sejam menos nutritivas que o leite não é uma grande surpresa, basta comparar os valores nutricionais de ambos os alimentos. Mas esse último estudo nos mostra a razão desta diferença e indica que a sua magnitude pode até ser maior do que pensávamos.
A chave está na reação de Maillard. Esta é uma reação química que geralmente ocorre ao aquecer alguns alimentos e costumamos associá-la à cor, pois é a reação que ocorre, por exemplo, ao torrar pão. As alterações na composição química dos alimentos associadas a esta reação também afetam os sabores e a contribuição nutricional do produto.
Processos diferentes
Tanto o leite que bebemos como as alternativas de bebidas vegetais são alimentos processados, embora a diferença seja importante. Enquanto o leite passa por processamento mínimo, normalmente ultrapasteurização (UHT), as alternativas vegetais são alimentos processados que incluem etapas que buscam assemelhar o resultado ao leite animal. Estas alternativas também são submetidas a um processo UHT, conforme explica a equipe responsável pelo estudo.
Leia também: Alergia à proteína do leite de vaca e intolerância à lactose são a mesma coisa? Entenda a diferença
12 “leites”
A equipe comparou 12 bebidas diferentes: duas bebidas lácteas e 10 bebidas vegetais. Eles analisaram as bebidas com base em seus nutrientes e examinou-as quanto à presença de produtos de reação de Maillard, ou MRP.
Foi quantificado a proteína presente no leite em 3,4 gramas por litro. Das 10 bebidas alternativas estudadas, apenas duas ultrapassaram essa quantidade, enquanto as demais continham entre 1,4 e 1,1 gramas por litro. A quantidade de aminoácidos essenciais presentes nessas plantas também foi menor nos leites vegetais.
Eles também encontraram maior quantidade de açúcar em sete das dez bebidas vegetais. Na sua análise, a equipe encontrou vários MRPs em leites vegetais. Entre esses compostos estavam as acrilamidas, encontradas no leite de aveia e amêndoa.
Os pesquisadores salientam que a sua baixa presença não era alarmante e que a provável origem destas estava no processo de torra anterior a que foram submetidas as amêndoas e a aveia. Detalhes do estudo foram publicados em artigo na revista Food Research International.
Devemos evitar alternativas vegetais ao leite?
Bem, provavelmente não. Os motivos para a escolha de um ou outro tipo de bebida podem variar e nem sempre depender da contribuição nutricional. Por exemplo, a decisão pode basear-se em critérios ambientais.
Em qualquer caso, para este tipo de decisões é conveniente contar com informações precisas. Segundo a equipe, o segredo deveria ser uma melhor rotulagem que ajudasse o consumidor a escolher o produto que melhor atende às suas necessidades.
“Se houvesse requisitos para os produtores especificarem nos rótulos quantos aminoácidos essenciais a bebida contém, isso daria aos consumidores uma imagem mais clara da qualidade das proteínas”, explicou Marianne Nissen Lund, co-autora do estudo, num comunicado à imprensa.
Lund e seus colegas também destacaram a importância de reduzir o consumo de produtos processados e ultraprocessados, em geral. Não apenas como forma de uma alimentação mais saudável, mas também de uma forma mais sustentável.
Leia também: Intolerância à lactose: 7 mitos comuns sobre a condição