
Dra. Leninha Wagner é PhD em neurociências, possui formação em neuropsicologia, é Doutora em psicologia, Mestre em psica...
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Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
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Você tem muito medo de decepcionar as pessoas e acaba dizendo “sim” para um pedido ou convite que, no fundo, gostaria de recusar? A dificuldade em dizer “não” pode revelar muito sobre o nosso modo de pensar, sentir e nos relacionar com os outros.
De acordo com a psicologia, esse comportamento vai além da simples vontade de agradar. Ele pode estar relacionado à autoestima, ao medo de rejeição e até a padrões aprendidos desde a infância. Vamos explorar o que está por trás dessa dificuldade e como ela afeta nosso bem-estar emocional.
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Por que algumas pessoas têm dificuldade de dizer "não"?
Dizer “não” pode parecer simples para algumas pessoas, mas, para outras, essa palavra carrega um peso enorme. Recusar um pedido, recusar um convite ou simplesmente priorizar a si mesmo pode ser um desafio — e isso está longe de ser apenas um sinal de gentileza excessiva.
Segundo a psicóloga Leninha Wagner, em um artigo anterior ao MinhaVida, essa dificuldade está ligada a questões emocionais e psicológicas. “O medo de dizer ‘não’ muitas vezes está relacionado a fatores como medo de rejeição, necessidade de aprovação ou baixa autoestima. Pessoas com essas características podem temer que, ao negar um pedido, sejam vistas como egoístas ou que isso possa causar um rompimento nas relações interpessoais”, explica.
Esse comportamento geralmente tem raízes na infância ou em experiências marcantes ao longo da vida. Leninha destaca que ele é comum em pessoas que cresceram em ambientes onde a obediência era valorizada acima de tudo ou que nunca tiveram suas vontades validadas. “A ideia de que é preciso agradar a todos para ser aceito ou evitar conflitos acaba se enraizando”, afirma a psicóloga.
Além disso, traços de personalidade, como a tendência a ser mais submisso ou o desejo constante de agradar os outros, também podem contribuir para essa dificuldade em impor limites.
Mas vale refletir: dizer “não” não precisa ser um ato de confronto. Muito pelo contrário — pode ser um gesto de respeito consigo mesmo. “O ‘não’ que dizemos aos outros pode ser, na verdade, um ‘sim’ para nós mesmos”, lembra Leninha. Ao aprender a colocar limites e priorizar as próprias necessidades, damos um passo importante em direção ao autocuidado e a relações mais saudáveis e equilibradas.
Como começar a dizer "não"?
A psicóloga Leninha Wagner garante que dizer “não” é uma habilidade que pode (e deve) ser desenvolvida: “Dizer ‘não’ pode ser um grande desafio, especialmente se você tem o hábito de agradar todo mundo. No entanto, aprender a negar o que você não quer é essencial para manter sua saúde mental e emocional.”
O primeiro passo é fortalecer a autoconfiança. Quando você começa a acreditar que seus sentimentos e vontades também importam, fica mais fácil se posicionar. “A terapia cognitivo-comportamental pode ajudar bastante nesse processo, reestruturando pensamentos distorcidos, como a ideia de que é preciso dizer ‘sim’ para ser aceito ou querido”, explica a psicóloga.
Outra dica valiosa é praticar o chamado treinamento assertivo — ou seja, aprender a se expressar de forma clara, firme e gentil. “Frases simples como ‘Eu entendo, mas não posso ajudar agora’ ou ‘Gostaria de poder, mas tenho outras prioridades’ são formas educadas de se posicionar sem culpa”, orienta Leninha.
Cuidar do lado emocional também faz parte do processo. Começar a enxergar o “não” como um ato de autocuidado pode mudar tudo. “Estabelecer limites claros é um gesto de amor-próprio, e lembrar que dizer ‘não’ não faz de você uma pessoa egoísta, mas alguém que se respeita, é essencial”, destaca.
Por fim, é importante enfrentar o medo da rejeição. Pode parecer difícil no início, mas vale lembrar: “Relações saudáveis se baseiam em respeito mútuo, e quem não aceita seu ‘não’ provavelmente não respeita seus limites — um sinal de alerta sobre esse relacionamento”, alerta a psicóloga.
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