
Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
i
Certa vez, durante uma conversa telefônica, um homem compartilhou com seu parceiro as preocupações que tinha sobre o futuro no trabalho. Nada do que o preocupava havia, de fato, acontecido, e nem se sabia se realmente aconteceria. Ainda assim, ele ocupava a mente havia dias com possibilidades e cenários que só existiam em sua imaginação.
Esse tipo de pensamento excessivo cobra um preço alto. Pensar demais pode gerar consequências emocionais, fisiológicas e comportamentais — além de sintomas físicos, como fadiga, dores de cabeça e dificuldade para dormir. Isso sem contar os impactos psicológicos: 40% dos casos de ansiedade e 30% dos de depressão estão relacionados à ruminação mental.
A preocupação exagerada com cenários hipotéticos ou a análise excessiva de situações pode gerar ansiedade e impedir que ações necessárias sejam tomadas. Claro que refletir antes de decidir é essencial, mas isso não significa passar a noite em claro pensando em tudo o que pode dar errado — e a tendência, nesses casos, é justamente focar no que pode dar errado.
Leia mais: Pensamentos negativos causados pela ansiedade podem ser evitados com 5 dicas dessa psicóloga
Troque “E se...” por “Veremos”
A ruminação mental, ou excesso de pensamento, como também é chamada, “transforma a reflexão útil em preocupação debilitante”, explica o especialista em força mental Scott Mautz, palestrante e instrutor do LinkedIn Learning. Em seu livro “The Mentally Strong Leader”, Mautz propõe uma maneira prática de interromper esse ciclo: substituir a pergunta “E se...?” pela frase “Veremos”.
Segundo ele, uma das formas mais eficazes de usar a força mental para conter o pensamento excessivo é adotar essas duas palavras. Afinal, a pergunta “E se...?” é impossível de responder — ninguém tem uma bola de cristal para prever o futuro, nem a capacidade de visualizar todos os desfechos possíveis como o Doutor Estranho. O que se imagina pode, sim, acontecer, mas a maioria desses cenários negativos é apenas uma construção da mente — não uma realidade concreta.
“E se o despertador não tocar amanhã? E se ele disser que não quer me ver de novo? E se a apresentação do PowerPoint não abrir? E se eu nunca encontrar o amor? E se...?”
Na próxima vez em que pensamentos assim surgirem, vale experimentar a mudança sugerida por Mautz: trocar o “E se” por “Veremos”. De acordo com ele, isso ajuda a superar a paralisia da análise e favorece a aceitação, porque a expressão tem um tom mais direto e resolutivo. Não deixa a questão em aberto — ela é encerrada. “A ideia por trás disso é que você já fez sua parte: refletiu, analisou e se preparou. Agora é hora de ver o que acontece”, explica o autor no livro.
Essa mudança envolve algo conhecido como “aceitação da incerteza”, um processo que, segundo especialistas da Open Minds, é essencial para o bem-estar emocional e mental. “Aceitar a incerteza não significa resignar-se ou desistir. Trata-se de adotar uma postura de abertura, flexibilidade e paciência diante do desconhecido”, afirmam.
Quando surgirem pensamentos sobre possíveis desfechos futuros, o truque de Mautz pode ser útil: transformar uma pergunta em uma afirmação. Seja o que for que o futuro traga, será enfrentado no momento em que acontecer. E, se houver um problema à espreita, será um desafio para o "eu" do futuro — não para o agora.