
Psicóloga clínica Fundadora e CEO da Clínica Via Vitae Especiali...
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Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
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Sabe aquela pessoa que prefere engolir sapo a entrar numa discussão? Que topa quase tudo só para evitar um clima tenso? Quem evita conflitos geralmente é visto como alguém pacífico ou até uma pessoa “do bem”. Mas será que por trás dessa escolha de evitar confrontos existe algo mais profundo?
Segundo a psicologia, o comportamento de evitar conflitos pode revelar aspectos importantes da personalidade, da história de vida e até da forma como a pessoa aprendeu a se proteger emocionalmente. Você vai entender o que está por trás desse padrão, quando ele pode ser saudável — e quando começa a atrapalhar.
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O que significa uma pessoa que evita conflitos?
Evitar conflitos pode até soar como uma qualidade. Mas, segundo a psicologia, essa atitude vai muito além de uma simples preferência pela paz. Para a psicóloga Alessandra Araújo Vieira, essa tendência, em muitos casos, tem raízes profundas que remontam à infância.
“Evitar conflitos pode parecer uma característica positiva, mas, em muitos casos, essa tendência tem raízes profundas em experiências traumáticas da infância. Crianças que vivenciam abuso emocional ou físico, negligência, violência doméstica ou bullying podem desenvolver um medo intenso de confrontos”, explica a especialista.
Ou seja, o comportamento de evitar embates pode ser, na verdade, um mecanismo de defesa construído em ambientes onde expressar opiniões ou vontades era algo perigoso. Segundo Alessandra, muitas dessas pessoas cresceram acreditando que o confronto leva automaticamente à rejeição, punição ou sofrimento.
“Essas pessoas podem internalizar a ideia de que expressar suas necessidades ou discordar pode levar a mais sofrimento, rejeição ou punição”, completa. Como consequência, acabam engolindo suas emoções, dizendo “sim” quando querem dizer “não” e evitando qualquer tipo de atrito — mesmo que isso signifique abrir mão de si mesmas.
Na prática, esse padrão pode prejudicar relacionamentos e até a saúde emocional, já que as próprias necessidades ficam em segundo plano o tempo todo. É por isso que entender a origem desse comportamento é o primeiro passo para ressignificá-lo e aprender a lidar com os conflitos de forma mais saudável.
Como lidar com conflitos de forma mais saudável?
Só de pensar em uma discussão você já sente um aperto no peito? Saiba que esse padrão pode ser transformado. A boa notícia é que aprender a lidar melhor com conflitos não significa virar uma pessoa brigona ou sair batendo de frente com todo mundo. Trata-se, na verdade, de encontrar um equilíbrio: se posicionar com respeito, expressar suas necessidades e, ao mesmo tempo, manter relações mais honestas e saudáveis.
Segundo a psicóloga Alessandra Araújo Vieira, existem formas eficazes de trabalhar esse desconforto. “Para lidar melhor com conflitos, algumas estratégias podem ser úteis. A terapia, especialmente a terapia cognitivo-comportamental, ajuda a identificar e desafiar pensamentos e crenças negativas associadas ao trauma”, explica. Em outras palavras, entender a origem do medo já é um passo enorme para deixá-lo para trás.
Além da terapia individual, trocar experiências com outras pessoas pode ser muito enriquecedor. “Grupos de apoio oferecem um espaço seguro para compartilhar experiências e se conectar com outras pessoas que enfrentam desafios semelhantes”, afirma a psicóloga. Ao perceber que você não é o único passando por isso, fica mais fácil ressignificar o conflito — que deixa de ser um bicho-papão e passa a ser uma ferramenta de crescimento pessoal.
E o que fazer com aquela ansiedade que bate antes de qualquer conversa difícil? Alessandra tem uma dica valiosa: “Práticas de mindfulness, como meditação e respiração profunda, podem reduzir a ansiedade e aumentar a consciência corporal.” Essas técnicas ajudam a manter a calma e a evitar que emoções intensas dominem a situação.
Outra estratégia prática é a exposição gradual. “A exposição progressiva a situações de conflito, aliada ao aprendizado de habilidades de comunicação assertiva, também é uma ferramenta valiosa”, completa. Isso significa começar devagar: dizer “não” a pedidos que você não quer atender, expressar uma opinião diferente em uma conversa leve, e assim por diante. Com o tempo, a confiança cresce — e o medo diminui.
Por fim, vale lembrar que esse processo leva tempo e exige paciência. “É fundamental lembrar que a mudança exige tempo e esforço. Com o apoio adequado, é possível superar os efeitos dos traumas da infância e desenvolver relacionamentos mais saudáveis e satisfatórios”, finaliza a especialista. Ou seja: você não precisa mudar quem é, só precisa cuidar de si mesmo com mais gentileza — até mesmo nos momentos de conflito.
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