
Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
i
Sabe aquela pessoa que, antes mesmo de algo acontecer, já imagina todos os cenários possíveis — e todos eles são ruins? Uma ligação inesperada vira sinal de tragédia, um atraso só pode significar rejeição, e até uma dor de cabeça leve parece sintoma de algo grave.
Pensar no pior o tempo todo não é apenas sinal de pessimismo: segundo a psicologia, esse hábito pode ter raízes mais profundas na forma como lidamos com o medo, a ansiedade e a necessidade de controle. Vamos explicar o que está por trás desse tipo de pensamento e o que ele pode revelar sobre o funcionamento da mente.
Leia mais: O que significa rir em momentos inadequados, segundo a psicologia?
O que significa pensar no pior?
Imaginar sempre o pior cenário pode parecer apenas uma mania de pessoas pessimistas, mas a psicologia mostra que é algo mais complexo. “Pensar sempre no pior pode ser um sintoma de transtornos como a ansiedade generalizada, em que a pessoa vive preocupada com desastres futuros de forma persistente e desproporcional”, explica o psicólogo André Sena Machado.
Mas nem sempre isso indica um problema clínico. Em muitos casos, trata-se apenas de um traço de personalidade ou até de uma resposta momentânea a um período de estresse. “Para identificar se é algo mais sério, é preciso avaliar a frequência, a intensidade e o impacto desses pensamentos na vida cotidiana”, destaca o especialista.
A verdade é que o cérebro humano foi programado para prestar mais atenção aos riscos — e isso tem uma raiz evolutiva: nossos antepassados que antecipavam ameaças tinham mais chances de sobreviver. Com isso, esse padrão de pensamento acabou moldando nossa mente até hoje. “Neurologicamente, a amígdala, responsável por processar o medo, dispara mais rapidamente diante de perigos percebidos — reais ou imaginários”, explica André.
Como pensar no pior pode afetar nossa saúde emocional e física?
Viver esperando que tudo dê errado não é apenas desgastante — também pode provocar impactos reais na saúde. O pensamento catastrófico, aquele hábito de imaginar sempre o pior cenário possível, afeta tanto o emocional quanto o corpo. “Ele alimenta a ansiedade, o medo e até quadros depressivos, mantendo a pessoa em um estado de alerta constante”, explica o psicólogo André Sena Machado.
E esse estado de alerta tem consequências diretas no organismo. “Quando pensamos o tempo todo no pior, o corpo entra em modo de ‘luta ou fuga’ por tempo demais”, diz André. Esse mecanismo, que deveria ser ativado apenas em situações de perigo real como resposta de defesa, passa a funcionar de forma contínua — e isso gera estresse crônico.
Na prática, isso pode se manifestar de várias formas: dores de cabeça frequentes, insônia, cansaço extremo e até problemas mais sérios, como hipertensão e doenças cardíacas. “O organismo não foi feito para funcionar nesse ritmo o tempo todo, e esse desgaste constante cobra um preço alto”, alerta o psicólogo.
Como treinar a mente para parar de pensar no pior
A psicologia oferece várias estratégias para lidar com esse padrão de pensamento. “Para parar de esperar sempre o pior, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das abordagens mais recomendadas”, explica o especialista. “Ela ajuda a identificar pensamentos automáticos negativos e a substituí-los por ideias mais realistas e equilibradas.”
Outra aliada poderosa é a prática do mindfulness e da meditação. Focar no aqui e agora é uma forma eficaz de escapar da armadilha mental das preocupações futuras. “Essas técnicas ajudam a mente a desacelerar e a se reconectar com o presente, o que reduz significativamente a ansiedade”, afirma André.
Cultivar a gratidão também pode fazer diferença. Pode parecer simples, mas reconhecer e valorizar os aspectos positivos do dia a dia ajuda a neutralizar o viés negativo. “A gratidão equilibra o pessimismo e fortalece o olhar para o que está indo bem, em vez de focar apenas no que pode dar errado”, diz André.
E não dá para esquecer do corpo. “Exercícios físicos melhoram o humor, reduzem o estresse e liberam endorfinas, que são neurotransmissores ligados à sensação de bem-estar”, completa o psicólogo. Além disso, limitar a exposição a notícias negativas — e até reduzir o tempo de tela — pode ser essencial para acalmar a mente e evitar gatilhos de medo
Leia também: O que significa quando uma pessoa tem muitos gatos, de acordo com a psicologia?.