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Um amplo estudo europeu, liderado por pesquisadores espanhóis, detectou a presença do protozoário parasita Toxoplasma gondii em 4,1% das saladas prontas para consumo em dez países da União Europeia.
Esse parasita causa a toxoplasmose, uma infecção que, embora geralmente não seja grave em pessoas saudáveis, representa um risco para gestantes e indivíduos com maior vulnerabilidade a infecções.
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Descoberta reforça importância da vigilância sanitária
A pesquisa, financiada pela União Europeia e publicada na revista Eurosurveillance, do Centro Europeu de Controle de Doenças (ECDC), representa um avanço importante na área da saúde pública ao investigar as possíveis origens de uma das infecções alimentares mais comuns.
Embora a maioria das infecções por Toxoplasma gondii em humanos seja considerada de origem alimentar, a relevância das diferentes formas de contágio para sua disseminação era, até então, pouco compreendida. Segundo os dados mais recentes, estima-se que uma em cada três pessoas na Europa será infectada pela toxoplasmose em algum momento da vida.
Saladas prontas exigem cuidados redobrados
Alimentos prontos para o consumo, especialmente os vegetais folhosos destinados à ingestão crua, sem necessidade de preparo ou lavagem por parte do consumidor, estão há tempos no radar das autoridades sanitárias. Isso porque são mais suscetíveis à contaminação por microrganismos ao longo da cadeia de produção. Os dados mais recentes sobre infecções alimentares na Europa — que vêm crescendo — reforçam o risco associado às saladas ensacadas e produtos semelhantes.
O novo estudo, que envolveu cientistas de dez países, coletou dados comparáveis sobre misturas de salada embaladas disponíveis no comércio europeu. Foram analisadas cerca de 3.300 amostras de saladas prontas para consumo (RTE) de diferentes tipos e marcas. As maiores taxas de contaminação foram encontradas no Reino Unido (16%); a Espanha apresentou uma média próxima à europeia, com 4,1%. As menores porcentagens foram registradas na República Tcheca (0%) e na Noruega (0,5%).
Embora o estudo levante novas questões para investigações futuras, os autores afirmam que, até o momento, não há evidências de que os processos industriais sejam capazes de eliminar totalmente os oocistos do Toxoplasma gondii. Por isso, consideram essencial adotar medidas de controle em todos os pontos críticos da cadeia produtiva.
"Nosso principal objetivo foi fornecer evidências em uma área onde ainda há lacunas de conhecimento", afirmou Rafael Calero-Bernal, do grupo Saluvet, do Departamento de Saúde Animal da Universidade Complutense de Madri e principal autor do estudo, ao jornal El País. "Ainda temos muito a aprender sobre a dinâmica de transmissão do Toxoplasma gondii e seu real impacto na população."
Grandes fabricantes desse tipo de produto, como a empresa espanhola Florette, defendem a segurança de seus processos, alegando que "o risco de contaminação nos produtos desta categoria é muito menor do que nos produtos frescos, que não são submetidos a nenhum tipo de lavagem".
A toxoplasmose pode não causar sintomas ou provocar apenas sinais leves na maioria das pessoas saudáveis. No entanto, apresenta riscos significativos para indivíduos com o sistema imunológico comprometido e gestantes, já que pode causar danos graves ao feto. Por isso, as autoridades de saúde recomendam atenção redobrada para esses grupos, evitando o consumo de alimentos crus potencialmente contaminados.
A AESAN (Agência Espanhola de Segurança Alimentar e Nutrição) recomenda que, durante a gravidez, sejam evitados completamente os brotos, bem como frutas e vegetais crus que não tenham sido previamente descascados, lavados ou desinfetados — incluindo saladas ensacadas, saladas prontas e aquelas consumidas fora de casa.