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O que é Desidratação?
A desidratação ocorre quando o corpo usa ou perde mais líquido do que o ingerido. Quando isso acontece, o organismo pode ter dificuldades para realizar suas funções normais. Se você não repõe os líquidos que são utilizados ou perdidos, ocorre a desidratação.
Todos os dias perdemos uma certa quantidade de água com suor, urina, fezes e sob a forma de vapor ao respirar. Juntamente com a água, pequenas quantidades de sais minerais também são perdidos. Além disso, a água é responsável por nutrir as células do nosso corpo e garantir que todas as funções serão devidamente cumpridas.
Ao perder muita água, o corpo ficar fora de equilíbrio ou desidratado. A desidratação severa pode levar à morte.
Causas
Muitas condições podem causar perdas de fluido rápido e contínuo, levando a desidratação:
- Febre
- Sudorese, normalmente relacionado ao calor intenso ou esforço físico
- Vômito, diarreia e aumento da frequência urinária devido à infecção
- Urinar em excesso, geralmente relacionado com o diabetes
- Incapacidade de ingerir comida e água apropriadamente (como no caso de uma pessoa com deficiência)
- Capacidade diminuída para ingerir líquidos (por exemplo, alguém em coma ou em um respirador)
- Falta de acesso à água potável
- Lesões significativas na pele, como queimaduras ou feridas na boca, e doenças de pele graves ou infecções (a água é perdida através da pele danificada).
Tipos
De acordo com a gastroenterologista Maira Marzinotto, a desidratação pode ser dividida em três tipos:
Isotônica
Esse tipo de desidratação é decorrente da perda de volume sanguíneo (após um quadro de diarreia, por exemplo). O termo isotônica significa que há perda de água e sais minerais na mesma proporção.
Hipertônica
É a desidratação que cursa com perda de água e aumento do sódio no sangue. Esse tipo de desidratação é secundária geralmente a alguns problemas de saúde, como o diabetes insipidus ou a doenças mais graves, como queimaduras extensas ou febres prolongadas.
Hipotônica
Está relacionada à perda de sal e consequente diminuição do sódio no sangue. Esse quadro geralmente é causado pelo uso abusivo de diuréticos (que fazem o rim excreta excesso de sal) ou em portadores de problemas renais.
Sinais
Desidratação leve a moderada pode causar:
- Boca seca e pegajosa
- Sonolência ou cansaço - crianças tendem a ser menos ativas do que o habitual
- Sede
- Diminuição da produção de urina (para bebês, não molhar a fralda por três horas ou mais)
- Pouca ou nenhuma lágrima ao chorar
- Pele seca
- Dor de cabeça
- Prisão de ventre
- Tonturas ou vertigens.
A desidratação severa, uma emergência médica, pode causar:
- Sede extrema
- Preguiça extrema ou sonolência em bebês e crianças
- Irritabilidade e confusão em adultos
- Boca, pele e membranas mucosas muito secas
- Pouca ou nenhuma micção - toda a urina que é produzida será mais escura do que o normal
- Olhos fundos
- Pele seca e murcha, sem elasticidade
- Em bebês lactentes, fontanelas afundadas
- Pressão arterial baixa
- Batimento cardíaco rápido
- Respiração rápida
- Sem lágrimas ao chorar
- Febre
- Nos casos mais graves, delírio ou inconsciência.
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Infelizmente, a sede nem sempre é um indicador confiável da necessidade do corpo por água, especialmente em crianças e idosos. O melhor indicador é a cor da urina: clara ou de cor clara significa que o corpo está bem hidratado, enquanto uma cor amarela ou âmbar escuro geralmente sinais de desidratação.
Diagnóstico
O médico pode diagnosticar a desidratação com base em sinais e sintomas físicos. Se estiver desidratado, também é provável que tenha pressão arterial baixa, especialmente ao passar de uma posição deitada para uma posição em pé, um ritmo cardíaco mais rápido que o normal e um fluxo sanguíneo reduzido para as extremidades. Além disso, o médico poderá solicitar uma série de exames para confirmar o diagnóstico.
Fatores de risco
Qualquer um pode ficar desidratado se perde muitos líquidos. Mas algumas pessoas estão em maior risco, incluindo:
Bebês e crianças
As crianças tendem a desidratar porque têm com maior frequência quadros de febre, diarreia, vômitos e outras infecções. Como o organismo da criança tem uma proporção maior de água, qualquer perda que não é corrigida pode levar à desidratação.
Idosos e pessoas na meia idade
Conforme você envelhece, se torna mais suscetível à desidratação por várias razões: a capacidade do organismo para conservar a água é reduzida, o senso de sede torna-se menos aguçado, e há uma menor capacidade de responder às mudanças de temperatura. Além do mais, pessoas idosas que vivem em casas de repouso ou sozinhas tendem a comer menos do que as pessoas mais jovens e às vezes podem se esquecer de comer ou beber tudo que necessitam no dia. Deficiência ou negligência também pode impedi-los de estar bem nutridos. Estes problemas são agravados por doenças crônicas, como diabetes, demência e pelo uso de certos medicamentos.
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Pessoas com doenças crônicas
Ter diabetes não controlada coloca em alto risco de desidratação. Mas outras doenças crônicas, como doença renal e insuficiência cardíaca, também aumentam o risco do problema. Infecções ou feridas na garganta, em menor proporção, também podem contribuir para desidratação uma vez que podem impedir a pessoa de comer ou beber adequadamente. A febre aumenta a desidratação ainda mais.
Atletas de resistência
Qualquer pessoa que se exercita pode ficar desidratada, especialmente em climas quentes e úmidos ou em altas altitudes. Mas os atletas que treinam para participar de uma ultramaratona, triathlon, expedições de alpinismo ou torneios de ciclismo, por exemplo, estão em risco particularmente elevado. Isso porque quanto mais você se exercita, mais difícil é manter-se hidratado. Durante o exercício, o corpo pode perder mais água do que pode absorver. A desidratação também é cumulativa ao longo de um período de dias, o que significa que é possível ficar desidratado mesmo com uma rotina de exercícios moderados se você não beber o suficiente para substituir o que perdeu em uma base diária.
Viver em grandes altitudes
Viver, trabalhar e se exercitar em altitudes elevadas (geralmente definidos como acima 8.200 pés, ou cerca de 2.500 metros) pode causar uma série de problemas de saúde. Um deles é a desidratação, que geralmente ocorre quando o corpo tenta se ajustar a altas altitudes através do aumento da micção e uma respiração mais rápida – quanto mais rápido você respira para manter os níveis adequados de oxigênio no sangue, mais vapor de é expirado.
Trabalhar ou se exercitar em um clima quente e úmido
Quando está quente e úmido, o risco de desidratação e de doenças provocadas pelo calor aumenta. Isso porque quando o ar está úmido, o suor não consegue evaporar e refrescá-lo tão rapidamente como normalmente faz, e isso pode levar a um aumento da temperatura corporal e a necessidade de mais fluidos.
Exames
Os exames que ajudarão no diagnóstico da desidratação são:
Análise clínica
Aumento da frequência cardíaca, diminuição da pressão arterial e respiração ofegante são sinais de desidratação potencial e outras doenças. A febre pode ocorrer pela desidratação ou pela doença de base.
Exame de urina
- A cor e clareza de urina, a densidade da urina (sua massa é comparada com a de quantidades iguais de água destilada) e a presença de cetonas (compostos de carbono que significam catabolismo) na urina podem ajudar a indicar o grau de desidratação
- O aumento da glicose na urina pode conduzir a um diagnóstico de diabetes ou indicar a perda de controle diabético e uma causa para a desidratação
- Excesso de proteína na urina pode ser sinal de problemas renais
- Os sinais de infecções ou de outras doenças, tais como doenças do fígado, podem ser encontrados em testes de urina.
- A quantidade de sais (sódio e potássio) e de açúcar, bem como indicadores da função renal (ureia e creatinina) podem ser importantes para avaliar o grau de desidratação e possíveis causas
- Um hemograma completo pode ser indicado se o médico acha que uma infecção subjacente está causando a desidratação. Outros exames de sangue, tais como testes de função hepática, podem ser indicados para encontrar as causas dos sintomas.
Na consulta médica
Especialistas que podem diagnosticar a desidratação são:
- Clínico geral
- Pediatra
- Gastroenterologista.
Estar preparado para a consulta pode facilitar o diagnóstico e otimizar o tempo. Dessa forma, você já pode chegar à consulta com algumas informações:
Saiba mais: 11 atitudes que facilitam a consulta médica
- Uma lista com todos os sintomas e há quanto tempo eles apareceram
- Histórico médico, incluindo outras condições que o paciente tenha e medicamentos ou suplementos que ele tome com regularidade
- Se possível, peça para uma pessoa te acompanhar.
O médico provavelmente fará uma série de perguntas, tais como:
- Quando os sintomas começaram?
- Você consegue manter no estômago qualquer comida ou bebida?
- Há quanto tempo você urinou? Está sentindo alguma dor ou urgência com a micção?
- Você também tem outros sinais ou sintomas, como cólicas abdominais, febre, dor de cabeça ou dores musculares? Quão severos são esses sinais e sintomas?
- Houve sangramento nas suas fezes?
- Você comeu alguma comida que suspeita ter sido estragada?
- Foi exposto recentemente a alguém que você conhece esta com diarreia?
- Quais medicamentos você está tomando atualmente?
- Você sabe qual era o peso do seu ou do seu filho antes de os sintomas começarem?
Também é importante levar suas dúvidas para a consulta por escrito, começando pela mais importante. Isso garante que você conseguirá respostas para todas as perguntas relevantes antes da consulta acabar. Para desidratação, algumas perguntas básicas incluem:
- O que está causando esses sintomas?
- Que tipos de testes são necessários?
- Qual tratamento você recomenda? Quanto tempo depois do tratamento haverá melhora?
- Existe alguma atividade ou restrições alimentares?
- Existe alguma coisa que eu possa fazer para evitar a recorrência da desidratação?
- Eu tenho outras condições de saúde. Preciso alterar os tratamentos que tenho usado para eles?
- Quais passos posso seguir para evitar que a desidratação aconteça novamente?
Não hesite em fazer outras perguntas, caso elas ocorram no momento da consulta.
Buscando ajuda médica
Se você é um adulto saudável, geralmente conseguirá tratar desidratação leve a moderada ingerindo mais líquidos, como água ou uma bebida isotônica. Obtenha cuidados médicos imediatos se surgirem sinais e sintomas graves, tais como sede excessiva, falta de urina, pele enrugada, tonturas e confusão.
Vá ao médico se a pessoa desidratada experimenta qualquer dos seguintes sintomas:
- Vômito constante por mais de um dia
- Febre acima de 38°C
- Diarreia por mais de dois dias
- Perda de peso
- Diminuição da produção de urina
- Confusão
- Fraqueza.
Leve a pessoa para o departamento de emergência do hospital se ocorrerem essas situações:
- Febre superior a 39°C
- Confusão
- Lentidão (letargia)
- Dor de cabeça
- Dificuldade em respirar
- Dor torácica ou abdominal
- Desmaio
- Falta de urina nas últimas 12 horas.
Tratamento
Tratamento caseiro
É possível tratar a desidratação leve a moderada das seguintes maneiras:
- Bebericando pequenas quantidades de água
- Ingerir bebidas isotônicas
- Chupar picolés feitos de sucos de frutas e bebidas isotônica
- Chupar cubos de gelo
- Bebendo por um canudo (funciona bem para alguém que passou por uma cirurgia de mandíbula ou ter feridas na boca).
Se a desidratação aconteceu por exposição ao calor excessivo, tente ajudar das seguintes formas:
- Remova qualquer excesso de roupa e afrouxe as que não podem ser retiradas
- Áreas com ar-condicionado são as melhores para ajudar a temperatura do corpo volta ao normal e quebrar o ciclo de exposição ao calor
- Se o ar condicionado não está disponível, aumente o resfriamento por evaporação, colocando a pessoa na sombra. Coloque uma toalha molhada em torno da pessoa
- Se possível, use um borrifador para pulverizar água morna em superfícies expostas da pele para ajudar com a perda de calor por evaporação
- Evite expor a pele ao frio excessivo, como compressas de gelo ou água gelada. Isso pode fazer com que os vasos sanguíneos da pele se contraiam, reduzindo em vez de aumentar a perda de calor. A exposição ao frio excessivo também pode causar tremores, que irá aumentar a temperatura corporal – causando o efeito oposto.
Tratamento médico
O tratamento no departamento de emergência se concentra primeiro em restaurar o volume de sangue e fluidos corporais, determinando em seguida a causa da desidratação. Os médicos provavelmente irão:
- Resfriar o corpo do paciente, se a causa for exposição excessiva ao calor
- Fazer a reposição de líquidos via oral se não houver náusea e vômitos ou desidratação excessiva. Caso contrário, fazer a reposição intravenosa
- Fazer exames de sangue e urina para determinas as causas da desidratação.
Se o paciente melhora, pode ser enviado para casa, de preferência sob os cuidados de amigos ou familiares que podem ajudar a monitorar sua condição. Se permanecer desidratado, confuso, febril, com sinais vitais anormais persistentes ou sinais de infecção, pode precisar ficar no hospital para tratamento adicional.
Medicamentos
Nos casos de desidratação decorrente de febre, os medicamentos antitérmicos podem ajudar a controlar a temperatura. Os medicamentos que podem ser usados são:
- Dipirona
- Novalgina
- Conmel
- Cetoprofeno
- Ibupril
- Advil
- Paracetamol.
Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
Segundo Maira Marzinotto, a desidratação tem cura, mas deve ser tratada o mais rápido possível para que não haja consequências nos órgãos e na saúde da pessoa.
Prevenção
- Ingira quantidades extras de água em eventos ao ar livre que há risco de aumento da sudorese. Atletas e trabalhadores ao ar livre devem repor os líquidos em uma taxa que é igual a perda
- Evite exercício e exposição durante os dias de índice de calor intenso
- Certifique-se de que as pessoas mais velhas e lactentes e crianças têm água potável adequada
- Certifique-se de que qualquer pessoa incapacitada ou prejudicada está ingerindo quantidade adequada de líquidos
- Evite o consumo de álcool, especialmente quando o clima está quente, uma vez que o álcool aumenta a perda de líquido pela urina
- Use roupas de cores claras e soltas se você deve estar ao ar livre no calor
- Não permaneça o tempo inteiro no sol. Procure uma sombra e refresque-se
- Controle o diabetes.
Convivendo (Prognóstico)
Saber conviver com a desidratação é, também, saber tratá-la. Siga à risca as orientações médicas e livre-se o quanto antes do problema. Veja algumas medidas caseiras que você pode adotar para acelerar o tratamento e a recuperação:
- Beba de 8 a 10 copos de líquidos leves (de preferência água)
- Use soro caseiro
- Faça refeições pequenas ao longo do dia, em vez de três refeições grandes
- Coma alimentos salgados, como bolachas, sopa e bebidas energéticas
- Descanse bem.
Como preparar o soro caseiro: misture em um litro de água mineral, de água filtrada ou de água fervida (mas já fria) uma colher pequena (tipo cafezinho), de sal e uma colher grande (tipo sopa), de açúcar. Ofereça o dia inteiro ao doente em pequenas colheradas.
Complicações possíveis
A desidratação pode levar a complicações graves, incluindo:
- Lesão térmica, que pode causar exaustão pelo calor ou insolação, com potencial risco de vida
- Inchaço do cérebro (edema cerebral): Se a reidratação for feita de forma inadequada, pode ocorrer que algumas células inchem e se rompam. As consequências são especialmente graves quando as células do cérebro são afetadas.
- Convulsões: eletrólitos - como potássio e sódio – ajudam a transportar os sinais elétricos de célula para célula. Se os seus eletrólitos estão fora de equilíbrio, as mensagens elétricas normais podem se confundir, o que pode levar a contrações musculares involuntárias e, por vezes, a uma perda de consciência
- Choque por baixo volume de sangue (choque hipovolêmico): este é um dos mais graves e às vezes com risco de vida. Ele ocorre quando o volume de sangue baixo provoca uma queda da pressão arterial e uma queda na quantidade de oxigênio em seu corpo
- Insuficiência renal: este problema potencialmente fatal ocorre quando os rins já não são capazes de remover o excesso de líquidos e resíduos do sangue
- Coma e morte. Quando não tratada pronta e apropriadamente, a desidratação grave pode ser fatal.
Referências
Myrna Campagnoli, endocrinologista do Laboratório Exame (CRM-PR: 22616)
Maira Marzinotto, gastroenterologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo
Ministério da Saúde. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/214_diarreia.html
Manual MSD - Versão Saúde para a Família. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-hormonais-e-metab%C3%B3licos/equil%C3%ADbrio-h%C3%ADdrico/desidrata%C3%A7%C3%A3o
Clínica Mayo. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/dehydration/diagnosis-treatment/drc-20354092