
Psicóloga Clínica. Pós graduada em Neuropsicologia e Reabilitação Clínica e Saúde Pública. Pós graduanda em Psicologia H...
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Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
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Sabe quando alguém simplesmente some da sua vida sem aviso, sem briga, sem dizer uma palavra sequer? Pode ser um amigo, um crush ou até alguém da família. A relação parecia estar bem e, de repente… a pessoa te deu um ghosting.
Esse tipo de afastamento sem explicações costuma deixar um rastro de insegurança e muitas perguntas sem resposta. Afinal, o que leva alguém a agir assim? Para entender melhor esse comportamento, conversamos com a psicóloga Thaís Teixeira, que revela os possíveis motivos por trás desse sumiço.
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O que pode levar uma pessoa a se afastar sem dar explicações?
Embora possa parecer uma atitude egoísta, o afastamento repentino — sem justificativas — muitas vezes tem causas mais profundas do que imaginamos. Segundo a psicóloga Thaís Teixeira, diversos fatores emocionais podem contribuir para esse comportamento. “Quadros depressivos, estresse, traumas, conflitos não resolvidos (com o outro ou consigo mesmo), baixa autoestima e medo de rejeição ou abandono são causas bastante comuns”, explica.
Esse tipo de sumiço, que também pode ser entendido como uma forma de isolamento social, geralmente não acontece do nada. Muitas vezes, é reflexo de um sofrimento interno que a pessoa não consegue ou não sabe como expressar.
“Algumas pessoas se afastam porque têm dificuldade de comunicação ou de lidar com conflitos. Adotam uma postura evitativa, acreditando que desaparecer é mais fácil do que enfrentar a situação. Mas esse comportamento não é saudável — nem para quem se afasta, nem para quem é deixado sem respostas”, destaca Thaís.
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Para quem é deixado sem respostas, os impactos emocionais são fortes
A falta de clareza sobre o motivo do distanciamento costuma abrir espaço para interpretações dolorosas — e muitas vezes distorcidas. “Esse tipo de situação pode gerar prejuízos emocionais importantes, especialmente quando a pessoa não tem consciência de que o afastamento se deu por questões pessoais do outro”, explica a psicóloga.
A ausência de respostas deixa um vazio, que tende a ser preenchido com dúvidas e culpa. “Na clínica, vemos com frequência pessoas que, diante do silêncio, começam a buscar em si mesmas os motivos: ‘O que eu fiz?’, ‘O que falta em mim?’”, relata a especialista. Esse tipo de pensamento afeta diretamente a autoestima e pode deixar marcas duradouras.
O medo do abandono, a insegurança e a sensação de rejeição acabam sendo consequências comuns. E o impacto não se limita àquela relação específica — pode se estender a vínculos futuros. “Quando a pessoa não entende o que aconteceu, pode levar essas feridas para outras relações, criando barreiras emocionais e receios quanto ao futuro”, completa Thaís.
Como lidar quando alguém se afasta sem dar motivos
Ser deixado no vácuo emocional dói. Quando alguém simplesmente se afasta sem explicar o porquê, é comum sentir tristeza, raiva, confusão — às vezes tudo isso junto. Mas, segundo a psicóloga Thaís Teixeira, é possível atravessar esse momento com mais leveza e autocuidado. O primeiro passo? Dar espaço aos próprios sentimentos. “Permita-se sentir. Valide o que está sentindo. Não é fácil perder pessoas, mas esse é um passo importante para elaborar essa perda”, orienta a especialista.
Também é importante não cair na armadilha da culpa. A ausência de respostas costuma fazer com que a gente comece a se questionar: “Será que eu fiz algo errado?”. Mas é importante lembrar que, muitas vezes, o afastamento tem mais a ver com o outro do que com você. “Nem sempre é sobre nós. Às vezes, a pessoa está lidando com o próprio sofrimento. Uma dica é se perguntar: ‘Que evidência eu tenho de que esse pensamento de que sou culpada é verdadeiro?’”, sugere Thaís.
Se o afastamento mexeu demais com você ou se esse tipo de situação acontece com frequência, buscar ajuda profissional pode fazer toda a diferença. “A terapia pode ajudar a lidar com perdas e também a identificar padrões nos seus relacionamentos”, reforça a psicóloga.
E, por fim, tente evitar a famosa ruminação — aquele looping de pensamentos que só traz angústia. “Se o outro não se mostra disponível, lembre-se de que ciclos podem se encerrar. Por mais doloroso que seja, você vai superar”, afirma Thaís.
Enquanto isso, vale tudo o que ajude a acalmar o coração: conversar com amigos, escrever uma carta (mesmo que nunca seja entregue), fazer algo que te dê prazer e investir no autocuidado. Porque, no fim das contas, cuidar de si é sempre o melhor caminho.
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