

O corpo humano é uma máquina extremamente complexa na qual ocorrem milhões de interações, algumas intuitivas e diretas, outras nem tanto. Isso, às vezes, significa que encontramos fenômenos inter-relacionados que podem conter relações causais que ainda não conseguimos compreender. Um exemplo disso é uma curiosa conexão que une nossos sistemas digestivo e auditivo.
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Um novo estudo
Uma equipe chinesa de pesquisadores estudou a relação entre certos alimentos e o risco de zumbido. A equipe descobriu que o maior consumo de frutas, fibras, laticínios e cafeína estava associado a um menor risco desse incômodo distúrbio.
Zumbido nos ouvidos
Zumbido é simplesmente um termo técnico usado para se referir à sensação de zumbido ou toque no ouvido. É um ruído que existe apenas em nossas cabeças e pode se apresentar em uma ampla gama de formas, cada uma com características distintas, algumas das quais são muito incômodas e difíceis de tratar.
Essas formas têm origens diversas, como perda auditiva relacionada à idade, possíveis lesões no ouvido ou distúrbios do sistema circulatório. Podem se manifestar de forma intermitente ou permanente e também podem ser graves o suficiente para interferir na audição ou limitar a capacidade de concentração.
Meta-análise
A noção de que existe uma ligação entre certos alimentos e o risco de zumbido não é nova. Diversos estudos já investigaram o assunto, mas tirar conclusões dessa literatura não é fácil.
É por isso que a equipe responsável pelo novo trabalho conduziu um estudo dessa literatura científica, uma revisão bibliográfica, a partir da qual realizou uma análise quantitativa dos resultados nela identificados, ou seja, uma meta-análise.
A equipe compilou e analisou os resultados de oito estudos envolvendo um total de 300.000 participantes. Eles examinaram os efeitos de 15 fatores alimentares no risco de desenvolver esse distúrbio auditivo.
Alimentos diferentes, impactos diferentes
Com base nesses oito estudos anteriores, o estudo estimou que o maior consumo de frutas poderia estar associado a uma redução de 35% no risco de zumbido. A redução associada ao maior consumo de laticínios foi de 17%, e a associada à cafeína, de 10%.
Eles também observaram uma redução de 9% na probabilidade associada ao maior consumo de fibras alimentares. Detalhes do estudo foram publicados em um artigo no periódico BMJ Open.
Prevenção, sim, cura, não?
Os resultados são impressionantes, mas a interpretação é complexa. A razão é que não temos ideia das hipotéticas conexões de causa e efeito que poderiam estar por trás dessa relação. Em outras palavras, podemos observar correlação, mas não podemos inferir causalidade.
Outra pista sobre essa conexão vem de outra revisão bibliográfica realizada há alguns anos. Publicado em 2020 no periódico International Archives of Otorhinolaryngology, o estudo também encontrou uma ligação entre cafeína e zumbido, mas alertou que se tratava apenas de uma medida preventiva: ou seja, constatou-se que o consumo de cafeína estava associado a um menor risco de zumbido, mas o maior consumo da substância não melhorou a condição daqueles que já sofriam do problema.
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