Bacharel em Psicologia pela UFF (Universidade Federal Fluminense) e pós-graduanda em Prática Baseada em Evidências Cient...
iJornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iSe você é do tipo de pessoa que não consegue dormir com a pia cheia de louça ou que tem um ataque de nervos quando se depara com a casa toda bagunçada, talvez essa sua mania de limpeza e organização tenha a ver com algo de muito tempo atrás — mais precisamente da infância.
De acordo com a psicologia, esse comportamento muitas vezes nasce na infância, como uma forma de lidar com situações que geraram ansiedade ou a sensação de falta de controle. E se esse for o seu caso, é bem provável que você tenha vivido algumas experiências durante essa fase da vida. A seguir, listamos 5 situações que quem sempre teve esse perfil vai reconhecer de longe.
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Se você tem mania de limpeza e organização, provavelmente passou por essas 5 situações na infância
Segundo a psicóloga Rebeca Carletto, comportamentos de organização excessiva muitas vezes estão ligados a questões emocionais. “A ordem funciona como uma tentativa de aliviar o desconforto interno, oferecendo uma sensação momentânea de segurança”, explica.
Veja a seguir algumas situações comuns que crianças com esse perfil costumam viver — e talvez você se reconheça em mais de uma:
1. Você não conseguia brincar até que tudo estivesse “em ordem”
Enquanto os colegas espalhavam brinquedos sem pensar duas vezes, você organizava todos por cor ou tamanho antes de começar. Era como se a brincadeira só pudesse acontecer depois que tudo estivesse impecável.
2. Gostava de ajudar a limpar ou arrumar (e não era por obrigação)
Ao contrário da maioria das crianças, que fogem da faxina, você até se oferecia para ajudar. Passar pano, empilhar livros ou alinhar objetos era quase terapêutico.
3. Sofria quando não podia controlar o ambiente ao seu redor
Situações imprevisíveis, mudanças bruscas ou ambientes desorganizados geravam um desconforto enorme. “Quando falamos em excesso de organização, muitas vezes estamos lidando com uma tentativa de controlar o que está fora para compensar o que está bagunçado dentro”, diz Rebeca.
4. Recebia elogios (ou cobranças) por ser “certinha”
Muitos adultos reforçavam esse comportamento dizendo que você era muito responsável para a idade. Em alguns casos, esse tipo de elogio vinha com uma pressão extra: manter sempre o mesmo nível de organização, o que acabava gerando ainda mais ansiedade.
5. Tinha dificuldade em lidar com as emoções
Você não sabia bem como reagir quando alguém chorava, ficava bravo ou agia de forma imprevisível. Como os sentimentos não eram tão fáceis de “arrumar”, sua resposta era tentar manter o mundo externo sob controle.
Essas experiências não significam, necessariamente, que algo deu “errado” na infância. Como reforça a psicóloga, “é delicado afirmar que um trauma infantil necessariamente gerará determinado comportamento”.
Mas, ao identificar padrões que causam sofrimento hoje, vale a pena olhar para a história e entender suas origens. “Na Terapia Cognitivo-Comportamental, entendemos que experiências precoces moldam nossos esquemas cognitivos — ou seja, padrões de pensamento que influenciam diretamente como interpretamos e reagimos às situações no presente”, completa Rebeca.
Quando a limpeza passa a ser um comportamento compulsivo?
Quando a limpeza e a organização deixam de ser escolhas e passam a ser obrigações rígidas, é preciso acender o sinal de alerta.
Segundo a psicóloga, a diferença entre um hábito saudável e um comportamento compulsivo está no impacto que ele causa na rotina e nas emoções da pessoa. “Um hábito saudável traz bem-estar e é flexível — a pessoa se organiza porque gosta e pode adaptar sua rotina sem grande desconforto”, explica. Já no caso de um padrão compulsivo, a organização deixa de ser prazerosa e vira uma fonte constante de ansiedade.
Quando a pessoa sente culpa ou mal-estar ao não conseguir limpar ou arrumar como gostaria, ou ainda quando esse comportamento começa a consumir muito tempo e energia, prejudicando relações pessoais, vida profissional ou momentos de lazer, é sinal de que algo mais profundo está acontecendo. “Quando a organização se torna uma necessidade rígida, ela pode gerar exaustão, isolamento social e afetar diretamente a saúde emocional”, destaca Rebeca.
Em casos mais intensos, esse padrão pode estar relacionado a transtornos como o TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), que exige acompanhamento psicológico e, em alguns casos, também psiquiátrico. O mais importante, segundo a especialista, é observar o quanto essa necessidade de controle interfere na sua qualidade de vida: “Quando manter tudo limpo ou organizado deixa de ser algo prazeroso e passa a ser uma obrigação que gera sofrimento ou prejuízo, é sinal de que esse comportamento precisa ser olhado com mais cuidado”.
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