Bacharel em Psicologia pela UFF (Universidade Federal Fluminense) e pós-graduanda em Prática Baseada em Evidências Cient...
iJornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iVocê provavelmente conhece alguém que não perde a chance de criticar, julgar ou espalhar comentários negativos sobre os outros. Pode ser no trabalho, em encontros de família ou até nas redes sociais. Mas por que algumas pessoas têm esse comportamento? Seria apenas fofoca ou existe algo mais profundo por trás dessa atitude?
De acordo com a psicologia, falar mal dos outros pode revelar muito sobre quem está falando — suas inseguranças, necessidades emocionais e até padrões de convivência aprendidos ao longo da vida. Vamos entender o que está por trás desse hábito, o que ele diz sobre a personalidade de quem o pratica e como lidar com esse tipo de comportamento.
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O que leva alguém a falar mal dos outros com frequência?
Nem sempre quem fala mal dos outros tem consciência do que está por trás desse hábito. Segundo a psicóloga Rebeca Carletto, esse comportamento costuma ser uma forma inconsciente de lidar com inseguranças pessoais. “A crítica serve como uma espécie de alívio momentâneo para quem se sente inferior, ameaçado ou frustrado”, explica. Ou seja, ao apontar o dedo para fora, a pessoa desvia o olhar das próprias dores.
Esse impulso pode ter relação com a inveja — especialmente quando o outro desperta algo que a pessoa gostaria de ter ou ser — ou com uma tentativa de se sentir superior diante de um sentimento interno de inadequação. “Pessoas com autoestima fragilizada tendem a se comparar com frequência e a interpretar os sucessos alheios como ameaças. Ao invés de reconhecer suas qualidades, acabam olhando para fora de forma crítica — como se diminuir o outro fosse uma forma de se proteger”, diz Rebeca.
Até mesmo comportamentos mais arrogantes, que passam uma imagem de confiança, podem esconder uma autoestima instável. “Em vez de lidar com a dor ou com as próprias limitações, a pessoa busca no outro um alvo para projetar suas insatisfações”, afirma a psicóloga. No entanto, esse tipo de crítica não resolve o problema emocional de fundo — pelo contrário: “tende a reforçar ainda mais o ciclo de frustração”, conclui.
O impacto de falar mal dos outros na saúde mental
A crítica constante pode ter consequências emocionais sérias, tanto para quem fala quanto para quem convive com essa pessoa. “A longo prazo, esse comportamento pode isolar a pessoa, alimentar sentimentos de culpa ou vazio, e enfraquecer vínculos importantes”, alerta.
Isso acontece porque, em vez de criar conexões baseadas em afeto, empatia e confiança, a pessoa passa a se relacionar a partir de julgamentos e críticas. “Ela deixa de construir relações genuínas e começa a enxergar os outros com desconfiança — o que, inevitavelmente, aumenta a sensação de solidão ou rejeição”, explica a especialista.
Além disso, o hábito de focar nas falhas alheias pode se transformar em um ciclo difícil de quebrar, no qual a pessoa se distancia cada vez mais de si mesma e dos outros. No fundo, a fala negativa não preenche, não alivia de verdade — só reforça o vazio interno.
Como mudar esse comportamento?
Segundo a psicóloga, a mudança começa com um olhar mais honesto para si mesmo. “É importante observar os sentimentos que surgem diante do sucesso ou comportamento dos outros — o que isso desperta em você? Frustração, inveja, raiva? Todos os sentimentos têm algo a dizer”, explica.
Em vez de reprimir essas emoções ou despejá-las nos outros por meio de críticas, a dica é acolher o que sente e tentar entender de onde isso vem. “É mais saudável investigar essas reações do que projetá-las. Esse processo ajuda a construir um caminho de maior consciência e equilíbrio emocional”, afirma a psicóloga.
Outras estratégias incluem fortalecer o autoconhecimento, valorizar as próprias conquistas, estabelecer metas pessoais e lembrar que ninguém precisa ser perfeito para ter valor. “Aceitar nossas limitações e reconhecer nossos próprios valores é essencial. Esse é um caminho de amadurecimento emocional”, diz Rebeca.
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