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Que tal pensar no seu médico como um amigo, que acompanha o seu dia-a-dia e, em vez de tratar doenças, impede que elas se instalem? A abordagem, que vem se tornando comum em alguns consultórios de medicina tradicional, é bastante conhecida dos especialistas em antroposofia.A Medicina Antroposófica não olha para o pulmão ou para os rins do paciente. A idéia é considerar a relação do homem com a natureza, a vida emocional e a individualidade dele , afirma o clínico antroposófico Samir Rahmi, consultor médico da Weleda.
Entre as pessoas que resolvem adotar o sistema, a visita ao médico entra para a rotina. As consultas acontecem, em média, a cada três meses, mesmo que esteja tudo bem. Isso porque, além dos medicamentos usados quando há necessidade, o especialista avalia como anda a condição emocional do paciente e prescreve tratamentos de extensão (como massagens ou terapia artística) com o objetivo de manter o equilíbrio do organismo e, desta maneira, torná-lo mais resistente a qualquer tipo de doença.
O tratamento leva em conta a vida pessoal de cada um, e não só os sintomas apresentados na consulta , afirma. Por isso, os médicos antroposóficos são ótimos perguntadores, a gente precisa entender os desejos do paciente e traduzir como ele está se sentindo naquele instante. Muitas vezes, uma frustração está por trás de um problema físico .
A intenção é sempre identificar o que há de especial, naquele momento, favorecendo o surgimento de uma doença ou dificultando a cura. Nesse sentido, as questões feitas na consulta envolvem o dia-a-dia afetivo, no trabalho e as atividades voltadas ao prazer pessoal (viagens, aulas de música ou pintura, enfim o tempo que o paciente dedica à própria satisfação). O diagnóstico, no entanto, também considera exames feitos em laboratório, herança genética e problemas anteriores, como ocorre tradicionalmente (vale lembrar, aliás, que a antroposofia médica é exercida por profissionais que cursaram a faculdade de Medicina, normalmente).
Por isso mesmo, aliás, nem sempre o tratamento inicial dispensa os remédios de base química, entendida como oposição ao uso de recursos naturais os médicos conhecem as fórmulas e sabem como empregá-las, caso sintam que há necessidade. O clínico de São Paulo cita o exemplo de uma
pessoa com asma, em crise. Se o sofrimento for muito intenso, usamos a química para aliviar e, aos poucos, vamos investigando o que está por trás daquela inflamação. Em geral, pacientes com asma vêm de um ambiente doméstico tenso e é preciso envolver toda a família para que o tratamento seja eficaz .
Farmácia especial
A antroposofia conta com uma cartela específica de medicamentos. Eles são todos naturais e produzidos de forma diferente, quando comparados aos homeopáticos, diluídos e agitados até alcançarem características especiais , explica o médico.
As receitas antroposóficas também usam o calor na fabricação dos remédios, acreditando que isso melhora a absorção deles pelo organismo. Como ingredientes, apenas substâncias da natureza, cultivadas sem nenhum aditivo artificial: minerais, plantas e até alguns animais (abelha, corais) integram as matérias-primas.
No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) acaba de reconhecer a especificidade dos medicamentos antroposóficos em relação aos homeopáticos e fitoterápicos, em geral. Isso foi feito a partir de um selo de identificação que, por enquanto, apenas a Weleda (marca suíça de medicamentos e cosméticos naturais) tem o direito de usar.
Especialistas nesse tipo de tratamento atendem também na rede pública de saúde de três estados. De acordo com a Associação Brasileira de Medicina Antroposófica (ABMA), é possível conseguir consultas em postos de saúde de Minas Gerais e em algumas unidades do Programa de Saúde da Família (PSF) de São Paulo. A Associação também dispõe de ambulatórios para atendimento à população carente nesses dois estados e também em Florianópolis, Santa Catarina.
Associação Brasileira de Medicina Antroposófica
www.medicinaantroposofica.com.br