
Preto - FAMERP (2007). Residênca na área de Neurocirurgia na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - FAMERP. Ex...
i
Formada em Jornalismo pela USP e pós-graduanda pela FESPSP. Tento transformar o seu dia a dia com informações de impacto e personagens inspiradores.
iO que é Encefalite?
A encefalite é uma infecção do cérebro desencadeada geralmente por vírus, bactérias, fungos, neoplasias ou por uma reação autoimune do corpo.Trata-se de um quadro de saúde que pode levar à morte quando não tratado corretamente.
De acordo com o Manual MSD, a taxa de mortalidade varia de acordo com a causa que leva ao desenvolvimento da encefalite. Porém, há uma maior probabilidade de ocorrer déficits neurológicos permanentes em pacientes que enfrentam casos de infecção grave.
Causas
Como já citado, a encefalite pode ser causada por vírus, bactérias e fungos, além de reações do próprio sistema imunológico da pessoa e outros fatores desencadeantes de inflamações das células cerebrais.
Entre as doenças virais causadoras da encefalite, destacam-se:
- Sarampo
- Caxumba
- Poliomielite
- Hidrofobia
- Rubéola
- Varicela (Catapora)
A encefalite também pode estar relacionada aos seguintes vírus:
- Adenovírus
- Coxsackievírus
- Citomegalovírus
- Vírus da encefalite equina oriental
- Echo vírus
- Vírus do Nilo ocidental
- Zika vírus
- vírus Chikungunya
Os vírus podem causar uma infecção do tecido cerebral, provocando inchaço (edema cerebral). Isso pode levar à destruição das células nervosas, resultando em sangramento (hemorragia intracerebral) e dano cerebral, às vezes permanente.
Entre as encefalites virais, os vírus do grupo herpes, arbovírus e enterovírus são os principais responsáveis pelos quadros infecciosos. Outras causas de encefalite podem incluir:
- Reação alérgica a vacinas
- Doença autoimune
- Bactérias, como da doença de Lyme, Sífilis e tuberculose
- Parasitas como nematoides, cisticercose e toxoplasmose em pacientes aidéticos e em outros que sofram de doenças que enfraqueçam o sistema imunológico
- Efeitos colaterais do tratamento do câncer
Tipos
Existem três tipos de encefalite de conhecimento da comunidade científica:
- Encefalite infecciosa: desencadeada pela ação de vírus, bactérias, fungos ou outros agentes causadores de infecções. Dentro desse tipo existem ainda outros dois subtipos - a encefalite viral e a encefalite herpética
- Encefalite autoimune: causada pela reação do próprio sistema imunológico do paciente, que ataca as células cerebrais dele
- Encefalite paraneoplásica: causada a partir de uma reação a um câncer ativo.
Sintomas
Em casos de encefalite moderada, os sintomas podem ser parecidos com os de outras doenças, como:
- Febre não muito alta
- Dor de cabeça moderada
- Baixa energia e pouco apetite.
Outros sintomas de encefalite, de modo geral, incluem:
- Falta de coordenação motora ao caminhar
- Confusão e desorientação
- Sonolência
- Irritabilidade ou pouco controle do humor
- Sensibilidade à luz
- Costas e pescoço rígidos (ocasionalmente)
- Vômito.
Alguns pacientes podem apresentar sintomas de resfriado ou de infecção estomacal antes dos sintomas clássicos de encefalite. Já em recém-nascidos e bebês, os sintomas nem sempre são facilmente reconhecidos. Entre eles, podemos citar:
- Rigidez do corpo
- Irritabilidade e choro mais frequente (esses sintomas podem piorar quando se pega o bebê no colo)
- Falta de apetite
- Moleira pode ficar mais saliente
- Vômito.
Diagnóstico
O processo de diagnóstico começará com uma série de perguntas sobre o histórico médico do paciente e sua família. Além do exame clínico, outros exames específicos podem ser solicitados para auxiliar no diagnóstico de uma possível encefalite. Entre eles estão:
- Ressonância magnética do cérebro
- Tomografia computadorizada da cabeça
- Cultura do líquido cerebrospinal, do sangue ou da urina
- Eletroencefalograma
- Punção lombar e exame da cultura do líquido cerebrospinal
- Exames que detectam anticorpos contra vírus (testes sorológicos)
- Exames que detectam pequenas quantidades do DNA do vírus (reação em cadeia da polimerase - PCR)
Fatores de risco
Qualquer pessoa pode desenvolver encefalite, mas existem alguns fatores que podem aumentar o risco da doença, como por exemplo:
Idade
Alguns tipos de encefalite são mais frequentes ou mais graves em determinadas faixas etárias. Em geral, as crianças menores de 1 ano e os idosos estão em maior risco para a maioria dos tipos de encefalite viral. A exceção é a encefalite pelo vírus Herpes simplex, que tende a ser mais comum entre 20 a 40 anos de idade.
Baixa resistência imunológica
Pessoas portadoras do vírus HIV e aquelas que desenvolveram Aids, pacientes que fazem uso de medicamentos imunossupressores ou, ainda, aqueles que têm uma condição de saúde que compromete o funcionamento do sistema imunológico (como no caso de doenças autoimunes) estão em maior risco de desenvolver encefalite.
Regiões geográficas
Vírus que são transmitidos por mosquitos ou carrapatos - vale lembrar que a encefalite está relacionada a vírus como Zika e Chikungunya, transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti - são comuns em determinadas regiões geográficas, principalmente as que não possuem saneamento básico adequado.
Época do ano
É sabido que há um aumento na transmissão das infecções virais nas estações mais frias do ano, quando as pessoas tendem a ficar mais em ambientes fechados, sem tanta circulação de ar, e mais próximas. Como a encefalite também é uma infecção viral, há uma chance de aumento de casos em épocas de temperaturas mais baixas.
Na consulta médica
Entre as especialidades que podem diagnosticar encefalite estão:
- Clínica médica
- Neurologia
- Infectologia
Estar preparado para a consulta pode facilitar o diagnóstico e otimizar o tempo. Dessa forma, você já pode chegar à consulta com algumas informações:
- Uma lista com todos os sintomas e há quanto tempo eles apareceram
- Histórico médico, incluindo outras condições que o paciente tenha e medicamentos ou suplementos que ele tome com regularidade
O médico provavelmente fará uma série de perguntas, tais como:
- Quando os sintomas começaram?
- Qual a intensidade dos sintomas?
- Você tem se sentido confuso e desorientado?
- Você chegou a apresentar sintomas específicos, como sensibilidade à luz, irritabilidade e sonolência excessiva?
- Você tomou alguma medida para aliviar os sintomas? E funcionou?
- Você já foi diagnosticado com alguma outra condição médica? Qual?
Buscando ajuda médica
Consulte um médico se você apresentar sintomas que possam estar envolvidos em um possível caso de encefalite, mesmo que seja moderada.
E não deixe de procurar ajuda médica imediatamente se você apresentar algum dos sintomas emergenciais de encefalite, como:
- Perda de consciência, respostas fracas, estupor, coma
- Fraqueza muscular ou paralisia
- Convulsões
- Dor de cabeça grave
- Apatia, ausência de humor ou humor inadequado para a situação
- Capacidade de julgamento prejudicada
- Inflexibilidade, egocentricidade extrema, incapacidade de tomar decisões ou afastamento da interação social
- Interesse menor pelas atividades cotidianas
- Perda de memória (amnésia)
- Memórias recentes ou antigas prejudicadas
Tratamento
O primeiro passo é adotar medidas que ajudem o organismo a combater a infecção e aliviar os sintomas. Com isso, geralmente é indicado repouso, cuidados com a alimentação e ingestão de líquidos.
.Medicamentos prescritos por médicos também podem ajudar, a exemplo de:
- Antivirais para tratar a encefalite de herpes ou outras infecções graves
- Antibióticos, caso a infecção seja decorrente de certas bactérias
- Medicamentos anticonvulsivos para prevenir convulsões
- Esteroides para diminuir o inchaço do cérebro
- Sedativos para tratar irritabilidade ou insônia
- Paracetamol e outros analgésicos para febres e dores de cabeça
- Antipiréticos para a febre.
Caso a função cerebral esteja gravemente afetada pela infecção, intervenções como fisioterapia e fonoaudiologia podem ser necessárias após a doença ter sido controlada.
Não existem drogas antivirais disponíveis para combater a encefalite diretamente, por isso tratar a causa subjacente é essencial.
Tem cura?
O resultado do tratamento varia de pessoa para pessoa. Alguns casos são moderados e duram pouco, e o paciente se recupera completamente. Em outras situações, mais graves , o resultado do tratamento pode não ser tão efetivo, podendo haver dano permanente das funções cerebrais e até mesmo morte.
Prevenção
Vacinas
Algumas das vacinas que estão disponíveis para prevenção de encefalite atuam diretamente contra algumas causas subjacentes específicas, como herpes zóster e sarampo, principalmente.
Cuidados
Como em outros quadros de infecção, é válido se prevenir contra as formas de contágio direto de agentes infecciosos. Desse modo, é importante evitar entrar em contato com objetos contaminados com vírus, bactérias ou fungos, assim como as gotículas respiratórias de uma pessoa infectada. Também é válido se manter longe de agentes transmissores de doenças, como mosquitos e insetos. Assim, evite:
- Alimentos ou bebidas contaminadas
- Picadas de mosquitos, carrapatos ou outros insetos
- Contato com a pele de pessoas infectadas
Por outro lado, é essencial se atentar a medidas de higiene das mãos e dos alimentos, além de evitar manter água parada, que pode ser um ambiente para a proliferação de mosquitos, e lugares fechados, com pouca circulação de ar.
Referências
Renato Andrade Chaves, neurocirurgião e especialista em cérebro e coluna - CRM 131.133
MSD Manuals