
Estudante de Jornalismo na Universidade São Judas Tadeu (USJT).
O que é Pneumonia viral?
A pneumonia viral é uma infecção que se instala nos pulmões e é causada pela penetração de um vírus no espaço alveolar, onde ocorre a troca gasosa. Pode acometer a região dos alvéolos pulmonares, onde desembocam as ramificações terminais dos brônquios e, às vezes, nos interstícios, espaço entre um alvéolo e outro.
Embora os vírus relacionados à pneumonia viral sejam facilmente transmitidos entre pessoas, nem sempre se desenvolverá a infecção. Na maioria das vezes, os sintomas aparentes são de gripe ou do resfriado, pois o sistema imunológico é capaz de combatê-lo. Por isso, a pneumonia viral normalmente acomete pessoas que possuem o sistema imunológico mais fraco, como idosos e crianças.
Causas
Os vírus causadores deste tipo de pneumonia são os que causam resfriados e gripes, como:
- Adenovírus
- Varicela-zóster
- Influenza tipo A, B ou C
- H1H1
- H5N1
- Vírus respiratório sincicial (VSR)
- Coronavírus (Sars-Cov-2).
Os sintomas de pneumonia viral ocorrem quando os pulmões ficam inflamados e tentam combater a infecção. Esse processo pode bloquear o fluxo de oxigênio, causando a maioria dos sintomas.
Os vírus são transmitidos de pessoa para pessoa. Tosse, coriza e secreções que ficam nas mãos e objetos podem contaminar outras pessoas pelo ar, espalhando a pneumonia viral.
Sintomas
Os sintomas de pneumonia viral tendem a piorar com o decorrer dos dias e surgem poucos dias após o contágio. São eles:
- Febre alta (39 graus ou mais)
- Tosse
- Dor no tórax
- Alterações da pressão arterial
- Confusão mental
- Mal-estar generalizado
- Falta de ar
- Secreção de muco purulento de cor amarelada ou esverdeada
- Toxemia (danos provocados pelas toxinas carregadas pelo sangue)
- Prostração (fraqueza).
Em pessoas mais velhas, sintomas como confusão mental, falta de apetite e cansaço também podem ser recorrentes.
“Os sintomas mais comuns da pneumonia viral são muito semelhantes aos de uma virose ou resfriado, então é sempre importante estar atento, principalmente pela possibilidade da falta de ar no paciente”, afirma o doutor Galper.
Diagnóstico
Deverá ser realizado um exame físico para avaliar os sintomas com o auxílio de um estetoscópio. Pessoas que têm pneumonia viral apresentam sons anormais durante a respiração. Outros sintomas de pneumonia, como tosse e coriza, também serão observados durante a consulta.
Além disso, outros exames podem ser solicitados para confirmar o diagnóstico de pneumonia viral e verificar o grau e a gravidade da infecção, como:
- Raio x do tórax, pois é necessária a avaliação do comprometimento dos pulmões
- Hemograma completo
- Gasometria arterial para avaliar a oxigenação do sangue
- Tomografia computadorizada do pulmão
- Análise de escarro
- Cultura de fluido pleural
- Broncoscopia.
Fatores de risco
O risco de pneumonia viral é maior em pessoas que têm o sistema imunológico comprometido, como:
- Pacientes soropositivos
- Bebês prematuros
- Crianças com doenças pulmonares ou cardíacas
- Pessoas que estão fazendo quimioterapia ou ministrando medicamentos que comprometem a imunidade
- Pessoas que tiveram órgãos transplantados e estão ingerindo drogas imunossupressoras.
Segundo o pneumologista Milton Galper, diretor da clínica de alergia Alergoar, o fumo e o consumo de bebidas alcoólicas também são fatores de risco para a pneumonia viral.
“O cigarro provoca uma reação inflamatória exacerbada que facilita a penetração de agentes infecciosos no corpo. As bebidas interferem na capacidade de defesa do aparelho respiratório, prejudicando o sistema imunológico”, explica o especialista.
Galper ainda acrescenta que o uso de ar-condicionado facilita a infecção por vírus e bactérias, já que o eletrodoméstico deixa o ar muito seco.
Outras condições também podem comprometer o sistema imunológico, consequentemente aumentando o risco de pneumonia viral, como:
- Câncer ou qualquer outra condição tratada com quimioterapia
- Doenças cardiovasculares
- Diabetes
- Doença renal
- Doença hepática
- Aids/HIV
- Bronquite crônica ou enfisema
- Infecção recente no trato respiratório, como gripe
- Infecção viral recente.
Buscando ajuda médica
A busca por ajuda médica é primordial aos primeiros sintomas da pneumonia viral, especialmente se houver dificuldade para respirar, dor no peito, febre persistente e tosse — normalmente acompanhada de catarro ou pus.
Caso o paciente pertença ao “grupo de risco” da pneumonia viral, uma consulta médica deve ser providenciada com urgência para evitar uma piora no quadro. Fatores de risco incluem:
- Tem 2 anos ou menos
- Tem mais de 65 anos
- Tem outra condição de saúde que afeta o sistema imunológico
- Está fazendo tratamento com quimioterapia ou outro medicamento que afeta a imunidade.
Tratamento
O tratamento da pneumonia viral visa aliviar os sintomas e eliminar o vírus do corpo.
Para livrar o corpo de infecção, será prescrita uma medicação antiviral específica para derrotar o vírus que está no corpo do paciente. É importante ressaltar que os antibióticos não surtem efeito contra pneumonia viral, uma vez que essas medicações são eficazes apenas contra bactérias.
Para lidar com os sintomas, o especialista pode recomendar:
- Redutores de febre, como a aspirina ou ibuprofeno
- Medicamentos para a tosse
- Quantidades adequadas de descanso
- Beber bastante líquido
- Oxigenoterapia
- Tratamentos respiratórios, tais como o uso de um umidificador
- Medicação para a dor para ajudar a lidar com a dor no peito de tosse frequente.
A maioria das pessoas pode ser tratada em casa. No entanto, pode ser necessária a hospitalização em alguns casos, principalmente pessoas idosas, com o sistema imunológico comprometido ou que sofreram desidratação.
Pneumonia viral em bebês
No caso de bebês, a pneumonia viral pode causar sintomas característicos, como uma febre persistente, falta de apetite e respiração rápida. Por isso, os pais devem estar atentos aos sintomas que pioram ou demoram a passar ao longo da semana. A ida ao pediatra para diagnóstico é essencial para que o quadro do bebê não piore.
Ademais, é importante que alguns cuidados sejam tomados durante e após o tratamento, como:
- Dar bastante água ao bebê
- Incentivá-lo a comer ou mamar, dando sempre preferência ao leite materno
- Realizar inalações com soro fisiológico de acordo com as orientações do pediatra.
Tem cura?
Sim. O tempo de recuperação para pneumonia viral varia conforme o estado de saúde da pessoa antes de ser diagnosticada. Uma pessoa jovem e saudável geralmente responde melhor ao tratamento, voltando às atividades normais em uma semana.
Pessoas idosas e/ou com doenças concomitantes podem levar mais tempo para se recuperar. Em casos mais graves, a hospitalização pode ser necessária.
Prevenção
Para prevenir infecções virais variadas, o processo é muito semelhante, segundo Galper. A higiene precisa vir sempre em primeiro lugar. As mãos devem estar sempre limpas, lavando ou utilizando álcool em gel após usar o banheiro ou transporte público, por exemplo.
Outros passos também são fundamentais, como:
- Não fumar
- Dormir o suficiente
- Realizar exercícios físicos
- Manter consultas regulares com o médico
- Manter uma dieta saudável
- Ter as vacinas da gripe em dia.
“Todas essas etapas são pequenos tijolos na sua imunidade. Uma gripe comum virar uma pneumonia também é responsabilidade do paciente”, finaliza o pneumologista Milton Galper.
Convivendo (Prognóstico)
Para ajudar na recuperação e diminuir o risco de propagação da doença, é importante tomar alguns cuidados durante o tratamento da pneumonia viral. Segundo Milton Galper, são eles:
- Evitar locais muito públicos ou com bipolaridade climática exacerbada
- Lavar sempre as mãos
- Beber bastante água
- Manter uma alimentação equilibrada
- Repouso
Complicações possíveis
A maioria das pessoas fica curada da pneumonia viral após tratamento adequado. Entretanto, algumas pessoas podem sofrer as seguintes complicações, especialmente aquelas que estão em grupos de risco:
- O vírus pode afetar outras partes do corpo (sepse)
- Aumento da frequência cardíaca
- Falha nos rins
- Comprometimento respiratório grave
- Acúmulo de fluído no pulmão
Referências
Manual Merck
American Lung Association
American College of Chest Physicians
Clínica Mayo
Milton Galper, generalista e pneumologista, diretor da clínica de alergia Alergoar. CRM: 136952-RJ