Médica endocrinologista e metabologista pela Universidade Federal de São Paulo/ UNIFESP/EPM. Título de especialista em C...
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Nem toda doença manifesta sintomas claros que indiquem a necessidade de procurar atendimento médico. Muitos problemas comuns de saúde possuem um desenvolvimento silencioso, o que pode ser perigoso, já que o diagnóstico precoce é importante para prevenir complicações.
O MinhaVida consultou especialistas e apontou 7 doenças assintomáticas e como identificá-las. Confira!
1. Diabetes tipo 2
O diabetes tipo 2 é uma doença crônica caracterizada pelo aumento da concentração de glicose na corrente sanguínea, provocado pela falta ou pela má absorção de insulina no organismo.
A insulina é um hormônio produzido no pâncreas, responsável por transformar as moléculas de glicose em energia. Quando ele está em falta ou não está agindo corretamente, ocorre o aumento de açúcar na corrente sanguínea e, consequentemente, o diabetes.
"O diabetes tipo 2 pode evoluir de forma assintomática em grande parte dos casos, o que pode dificultar o diagnóstico precoce", explica a endocrinologista Giovanna Carpentieri. No entanto, com o avanço da doença, alguns sinais começam a ser percebidos, como:
- Sede constante
- Fome constante
- Cansaço
- Vontade frequente de urinar (poliúria)
- Feridas que demoram para cicatrizar
- Mudanças de humor
- Alteração visual (visão embaçada)
- Formigamentos nos pés
Por ser uma doença de avanço silencioso, é essencial manter consultas periódicas com um médico para exames de rotina. O diagnóstico de diabetes costuma ser feito a partir de três exames, como glicemia de jejum, hemoglobina glicada e curva glicêmica.
"O diabetes não identificado ou não tratado pode levar a uma série de complicações pelo corpo todo, chamadas neuropatias e angiopatias, como danos aos vasos sanguíneos e nervos. É crucial controlar a doença adequadamente para reduzir o risco de desenvolver essas complicações", finaliza Giovanna.
2. Colesterol alto
O colesterol alto é um quadro em que as taxas de colesterol LDL estão elevadas na corrente sanguínea. Isso acontece como consequência do consumo excessivo de alimentos ricos em gordura, o que pode causar a acumulação da lipoproteína nas artérias e coronárias — aumentando o risco de doenças cardiovasculares.
Na maioria dos casos, mesmo quando as taxas de colesterol estão elevadas, a condição não manifesta sintomas. A única maneira de saber os níveis é através de um exame de sangue, chamado colesterol total.
Os sintomas de colesterol alto podem surgir quando associados a um quadro de saúde mais grave, como angina (dor no peito) ou infarto. Nesse sentido, o paciente pode apresentar dor no peito, falta de ar e palpitações. São sintomas que indicam emergência, então ao surgimento de qualquer um deles, procure atendimento.
3. Hipertensão
A hipertensão arterial, ou pressão alta, é uma doença crônica caracterizada por níveis continuamente elevados de pressão sanguínea nas artérias. É considerado hipertensão quando a pressão fica maior ou igual a 14 por 9 (140/90mmHg) na maior parte do tempo.
A hipertensão é normalmente assintomática, mas alguns sinais podem ser percebidos quando há elevação súbita da pressão, como:
- Dor de cabeça
- Dor no peito
- Tontura
- Visão turva
- Fraqueza
- Zumbido no ouvido
"Apesar de silenciosa, a pressão alta é perigosa, pois exige um grande esforço do coração para que o sangue seja distribuído pelo corpo. O sangue bombeado pelo órgão exerce uma força contra as paredes internas dos vasos, e estes oferecem certa resistência a essa passagem, determinando a pressão", explica o cardiologista Paulo Chaccur em artigo publicado no MinhaVida.
Se não diagnosticada e tratada adequadamente, em longo prazo, a hipertensão pode guiar para um infarto, AVC, insuficiência cardíaca e doença renal crônica devido à sobrecarga de sistema circulatório, cérebro e rins.
O diagnóstico costuma ser feito a partir do aparelho esfigmomanômetro (ou tensiômetro), capaz de medir a pressão sanguínea nas artérias. O ideal é que ele seja feito esporadicamente, mesmo que você não apresente sintomas, para garantir a detecção precoce da doença.
4. Insuficiência renal
A insuficiência renal é uma doença caracterizada pela falência lenta, progressiva e silenciosa da função renal, responsável por filtrar resíduos nocivos ao organismo, como amônia. Isso possibilita que eles cheguem a níveis perigosos, o que afeta a maioria dos sistemas e funções do corpo, como o controle da pressão arterial e a produção de glóbulos vermelhos.
A princípio, a doença não apresenta sintomas e pode passar despercebida até os estágios mais avançados. A evolução, inclusive, pode ser tão lenta que os sintomas só surgem quando o funcionamento dos rins está menor que um décimo do normal.
Todavia, a pessoa pode apresentar alguns sinais que são frequentes em outras doenças associadas, como diabetes e hipertensão. É importante ficar de olho em:
- Mal-estar
- Dores de cabeça
- Perda de peso não intencional
- Perda de apetite
- Náuseas
Em estágios mais avançados, o paciente pode apresentar a pele anormalmente clara ou escura, dor nos ossos, sonolência, dificuldade de concentração e desnutrição.
O diagnóstico de insuficiência renal é clínico, realizado a partir de uma avaliação clínica e uma avaliação laboratorial. Casos crônicos alteram o resultado de diversos exames, então são necessários exames de urina, hemograma completo e exames neurológicos.
5. Hepatite C
A hepatite C é uma doença viral provocada pelo vírus HCV, que provoca uma inflamação no fígado. A transmissão ocorre especialmente a partir do contato com sangue infectado, como no compartilhamento de alicates e agulhas, e durante relações sexuais desprotegidas.
De acordo com o Ministério da Saúde, o surgimento de sintomas em pessoas com hepatite C é muito raro, então é comum que ela só perceba que foi infectada após viver anos com a doença — quando o quadro atinge um estado grave de hepatite crônica. Por isso, é essencial realizar a testagem, pelo menos, uma vez ao ano.
O diagnóstico da doença é feito a partir do teste anti-HCV, um exame de sangue capaz de detectar o vírus VHC. Exames de sangue também podem medir a carga viral (quantidade do vírus no organismo) e fazer a genotipagem, o que auxilia na escolha do melhor tratamento.
6. Glaucoma
O glaucoma é uma doença caracterizada por uma alteração do nervo óptico, que provoca um dano irreversível das fibras nervosas. Ela pode ser causada por um aumento da pressão ocular ou por uma alteração do fluxo sanguíneo na cabeça do nervo óptico.
Na maioria dos casos, o paciente não apresenta sintomas, o que dificulta o diagnóstico precoce. O avanço do glaucoma está diretamente associado à cegueira irreversível, o que torna importante a realização periódica de exames oculares completos.
7. Osteoporose
A osteoporose é uma doença que afeta os ossos, provocando a diminuição progressiva da densidade óssea. Geralmente, é um problema que se desenvolve silenciosamente, sendo descoberto apenas após uma fratura. No entanto, em alguns casos, o avanço da doença pode provocar dor ou sensibilidade óssea, postura encurvada e diminuição da estatura.
"A osteoporose torna-se mais comum na medida em que a idade avança. É a causa mais frequente de fraturas em idosos. Para se ter ideia, ao redor dos 25 anos, a pessoa atinge o nível máximo de densidade óssea. Com a idade, ocorre uma perda gradual de 0,3% a 0,5% de massa óssea por ano. A perda progressiva pode, em um determinado momento da vida, resultar em osteoporose", aponta o endocrinologista Danilo Höfling em artigo publicado no MinhaVida.
O diagnóstico da osteoporose é feito por uma densitometria óssea, que avalia a densidade dos ossos e os músculos do corpo. Como a doença é mais comum em pessoas idosas, mulheres de 65 anos ou mais e homens com 70 anos ou mais devem fazer a densitometria óssea anualmente, independente dos fatores de risco.